Sim, é mera conversa. Mas por que é mera conversa? Porque, meu amigo, beleza, pureza, respeitabilidade, religião, moralidade, arte, patriotismo, bravura e descanso não são nada além de palavras que eu ou qualquer um podem colocar ou tirar como uma luva.
São realidades? Você pode até se sentir culpado por meu julgamento mas, afortunadamente, para seu auto-respeito, meu diabólico amigo, não são realidades. Como você disse, são meras palavras. Inúteis para convencerem um bárbaro a adotar a civilização, ou o pobre civilizado a se submeter ao roubo ou à escravidão.
(Bernard Shaw, Don Juan - Ato III)
e você, não fala?
infância! infântica! enfática sempre e agora muda
abelardo, assusto até os mortos se falo...
se falasse. falha, sempre fala. arredava o pé daqui se fosse surdo,
mas não sou e, impulsivo, fico pra querer te ouvir
abelardo! chega! estranho você, sempre estranhei, não quero beijo nem
que fique pra me ouvir. me ouvir pra que? um franco!
sim, sou um franco
um fraco!
também
abelardo... (era esse o meu apelo); que você ficasse e que me ouvisse
francamente mas é incapaz de ser franco... se fosse mas é à você, abelardo,
que ainda apelo ouvidos
francine... (seu nome sempre ficou doce quando eu pensei, até que não pudesse mais, até transbordar nos nossos diálogos loucos e esféricos)
não comece a frase com nomes próprios
você começou antes
abelardo!! é como se eu pudesse morrer agora
e pode
é como se eu poudesse morrer mais agora
e qual a diferença?, todo mundo pode, e eu não sou budista, nem você
vou morrer agora! de asma estomacal
infância!!
corrompida!!
infância, francine...
infância corrompida, abelardo, morro de infância corrompida
e de lirismo estocado da laringe até o estômago! corrompida!!, abraçada
por trás, beijada no pescoço, abelardo e mordida
quando?
sempre
você revive?
revivo
infância de francine...
eu queria um escape. me oferece escape?
só a minha farta janela, mas é segundo andar,
talvez você só quebre a perna. se for dinheiro, também não tenho
você é frio
não, só não ouço porque é melhor, eu me esqueço, francine...
egoístas nunca ouvem e, se ouvem, esquecem
mas e a franqueza?
essa eu deixo em casa
aqui é a sua casa ou você se mudou?
nunca é nem foi aqui. era como se fosse, mas agora já não
você agora é o confuso abelardo da caixa de atum?
não, agora eu sou o confuso abelardo dos diálogos que você preferir
mentira!
verdade!, você é quem vive só de mentira, mente, memento...
me deixa ir
então vai
então vai foi uma frase tão largada, foi o estilingue que me caiu pra longe. e agora você repetindo;quando pára?
não sei. se viver for só repetição, eu não saberia
alitero, já...
nao devia...
vai me recriminar mais quantas vezes?
(mudo)
acabo, sempre acabei
não é desculpa. quem mente agora?
você ainda! e em terceira pessoa.
exponho e expus, quer mais o que? me abcesso! você nunca quis
nem que eu ficasse... você finge
é crime querer que você vá logo embora?
é... as vezes demora pr'eu me convencer,
é assim que a gente descobre que ama, quando fica descrente.
não somos dois
sei. quero só uns segundos pra me decidir pela sua expulsão
um, dois...
decidi
prazer.
igualmente
(sumisso)
2 comentários:
Pri Cutiaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Morrendo de saudades de vc....
Os textos estão ótimos...
Fui no trote mais nao te vi...
Saudade grande do tamanho do Piauí!!!rsrsrsrs
bjs...
te lovu eternamente!!
isso é um dialogo vertiginoso e alucinado... você ralmente tem um dom pra isso.
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