segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Linhas minhas: razões de não escrever mais, se estou do lado de dentro

Palavras que borraram no início
Antes de conhecer o Rafael eu escrevia muito mais, escrevia nos braços. Depois de conhecer o Rafael eu parei de escrever no braço, nos ônibus, mas, noutro lado, parei de escrever nos braços e nas pernas voltando muito bêbada enquanto chovia, nos ônibus, e eu chegava em casa e as coisas estavam borradas, não me lembrava mais. A cabeça girava com cerca de trezentas mil palavras demoníacas que se reuniam pra formar escritos que eu gostava, e que cultivava, e que me levavam pra o lugar de delírio sensível onde eu mais gosto de estar.

Depois que conheci Rafael, descobri que ir embora não basta, que escrita é ofício que necessita cuidado com a beleza nos trabalhos; foi quando ele me disse muitas coisas que me entristeceram. Acho que ele deveria escrever sobre música brasileira porque ele pode não identificar o down tempo, mas tem instinto pra ouvir nos nervos os arranjos que eu não sei. Rafael, meu moço que fica mais bonito quando tem a barba aparada no barbeiro à tesouras, me lê e não entende, às vezes não gosta, mas diz a verdade sobre que falta mais afinco. Eu só queria apaixoná-lo quando me equilibro no meio fio perigoso de caminhos passiones passando, mas aí ele explica que las dedicaciones al acaso se las deben cultivar con el rigor de una insanidad que no se saca de dentro con un simples puente de sobriedad.

Conclusões ou oclusões atuais
Percebi há pouco tempo atrás que, o que alguns amigos defendem com força e pouco disfarçados lamentos é que as palavras ditadas por Elëgbara nos meus ouvidos, majoritariamente à noite, ou os vestidos vermelhos que tomavam conta dos meus espelhos, vestindo diversas mulheres com garrafas de cervejas na boca (por supuesto, pelo gargalo daquela que sinto saudades), as que gargalhavam, bem no meio dos lábios gostosos planejando passar na primeira papelaria pra comprar um estilete e se defenderem doravante com eles, o que percebi, é que só estavam lá quando eu não podia conter e me iba embora. Nesse sentido, o álcool foi minha terra dos balões voados porque ainda hoje, ainda há pouco, não posso suportar o laço de armadilha de viver ancorada a vida que se dizia, no princípio, barco fantasma afogado, arcabouço amplo pras viagens ultramarinas de serei-a, sereia.

Corretagem
Temos procurado uma casa pra morar, acho que vai ser bom, um recomeço e uma fuga boa pra que eu descubra como é que se sai sem fazer muito mal ao corpo que preciso deixar aqui fazendo seguir com as linhas, esfregando o cerol. Semana passada o corretor de imóveis falou num tom de voz terrível, e me tratou como lixo. Foi ruim demais, me tratando por minha filha, falando rápido e com ameaças pra me convencer pressionadamente que o melhor era pagá-lo 4 vezes mais do que ele deveria ser pago. Ele não conhece os nossos sonhos, eu devia ter dito isso pro Rafael porque eu acho que é o que mais entristece, o grande mal gratuito em que as coisas chegaram, o mal sem causa e acordado. Fiquei sonhando tanto com aquele lugar, ficava perto da praia, e era o que algumas pessoas boas estavam me dizendo, um lugar para viver uma vida bonita. Fiquei lá deitada muito Oh Dae Su: em tantos dias vou sair daqui, vou sair daqui, vou sair daqui. Não consegui sair ainda, não conseguimos começar ainda nossa vida bonita ou não. Depois que conheci o Rafael acabei convencida de que não devia beber tanto. Vou pôr um travesseiro em cima dos desejos etílicos.

Linhas minhas: razões de não escrever mais, se estou do lado de dentro
Andei repetindo pra mim mesma que me respeitava a falta de escrever porque se afastar acontece é muito necessário às vezes..., parar, agora admito que me falta coragem, força. Faz meses demais que não escrevo uma linha que seja realmente minha.

¹as dedicações ao acaso se devem cultivar com o rigor de uma insanidade que não se tira de dentro com um simples poente de sobriedade.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

NÃO, ELE NÃO ESTÁ MAIS AQUI

Comendador, o senhor precisa acreditar que ela está grávida sim, prenha sim! E o filho é do teu filho, é neto do senhor! Isso mesmo as faltas de cinco dentes gritavam cuspindo uns tantos do caldo de couve no tapete. É neto do senhor!! Num orgulho como prum messias, pruma desforra. E ria, riiiiiia que e caía no chão, e a amiga criada, a Vera Aline, a ajudava. Gordíssima, Vera Aline. A saliva de couve no braço do sofá. O comendador devia saber que o filho ia lhe sair, devia ter mandado pra fora do país, pra longe dessas reminiscências dos homens da família, desse preferirem descaradamente aquelas negrinhas que despencavam de cima das ondas do mar em dias churrascamente quentes.


O LIMÃO EXPRESSO MUDOU-SE
ele deixou bilhete! ele deixou recado!

guichê no seguinte link, lavradas devidamente as escrituras em cinco vias.






VÁ AQUI Ó!


Row! There's only seven more miles to go...
We'll reach the Isle of Her

Fevrale dostat chernil i plakat
Pisat O Fevrale navsnryd
Poka grohochushaya slyakot
Vesnoyu charnoyu gorit


Fevereiro, pega sua pena e cai em prantos.
Escreve poemas sobre fevereiro nos soluços e na tinta
Enquanto o trovão vai queimando ao fundo,
está queimando no negro da primavera



Hoje eu vivo sofrendo e sem alegria
Não tive coragem bastante pra me decidir
Aquela menina em sua cadeira de rodas
Tudo eu daria pra ver novamente sorrir
Sentada na porta
Em sua cadeira de rodas ficava
Seus olhos tão lindo sem ter alegria
Tão triste chorava

llorando
llorando
por tu amor
llorando
llorando


Y así pasan los días
Y yo, desesperando
Y tú, tú contestando
Quizás, quizás, quizás

Mas o doutor nem examina
Chamando o pai do lado
Lhe diz logo em surdina

Que o mal é da idade
E que pra tal menina
Não há um só remédio
Em toda medicina

(!!!)

The priest in the booth had a photographic memory
For all he had heard
He took all of my sins and he wrote a pocket novel called
"The State I Am In"
So I gave myself to God
There was a pregnant pause before he said ok

Now I spend my day turning tables round In Marks & Spencer's
They don't seem to mind




here, baby, come on
http://verbeatblogs.org/limaoexpresso/
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