(escrito sob a morte de Thiago)
Assoviando a meio palmo da janela, a gente nunca sabe o que vai encontrar quando, depois de fazer o vapor, passar o dedo. Não sabe ou se sabe que os carros passam sempre diferentes, modelos, na rua? E eu gosto disso, cê gosta? Quando eu passo o dedo no embaçado; quando sussurro é isso, é vidro e vidro tem umas coisas...
de quebra.
Doutro lado (que vontade de escrever “do outro lodo”) outro parco, outro importe e aportes novos, diferentes dos que nunca aconteceram, mas que vão se desmanchar como tudo – não quero ver. (hot kiss on cold window), melhor vem ser o ar de garganta.
Assoviando a meio palmo da janela, eu sei muita música boa e inventada (boa), ouço três mil diferentes trinados, tudo delirado, nada acontecido. Eu fui ter amigos bem mais muito tarde, eu sentava embaixo da árvore e nunca houvia ninguém lá. E nem mesmo aqui esperando a hora dar (jene regrette rien) recordo do que é que ficava pensando quando tava tão sozinho como os últimos desejos dum pão dormido. Esqueço dessas memórias como cresci quando nem tinha nascido. Reminisço apenas ter estado.
Assoviando a meio palmo da janela, eu sei muita música boa e inventada (boa), ouço três mil diferentes trinados, tudo delirado, nada acontecido. Eu fui ter amigos bem mais muito tarde, eu sentava embaixo da árvore e nunca houvia ninguém lá. E nem mesmo aqui esperando a hora dar (je
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img. par Luana Silense
7 comentários:
eu gosto de contemplar a vida pelo embaçado risco do vapor na janela.
é vidro e vidro tem umas coisas...
É daquilo de dar beijo molhado recordar o beijo
não lembrar do tato
da moça, qué fruto
deu numárvore
caiu de madura,
antes que atingisse o chão
virou beija-flor
voou pra cá
só pra beijar
me deu um beijipartiu.
nossas semelhanças nos tornam quase a mesma pessoa.
a diferença é que você é bonita e escreve lindamente.
e eu... eu to atrás da janela embaçada.
=*
oi moça . . .
"Assoviando a meio palmo da janela, a gente nunca sabe o que vai encontrar quando, depois de fazer o vapor, passar o dedo."
perfeito...
Agora que tô ficando (mais!) velha, não rabisco o vidro embaçado... Sempre tenho dó do trabalho de quem tem que o limpar, pode? Mas vejo esse prazer no meu filho, que escreve, desenha, beija...
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