sábado, 14 de julho de 2007

Consumição

mas o melhor da história nem é o início, mas o fim. se encontraram por um completo acaso: ela com as mesmas pregadeiras roxas - nunca tirava - e ele andando ainda com aqueles pés que se pisavam um no outro num muito pouca coisa mudou. apesar dos apesares. eu disse que se encontraram? não, se esbarraram, não de bater, mas de acidental que foi darem-se com tais respectivos olhos. umas sacolas de compra que começaram a tremer, umas chaves de carro no bolso que haviam se perdido... nessas horas é normal as cabeças de abaixarem procurando algo muito importante a qual não davam a mínima importância minutos atrás. cerveja? não... parei. jura? refrigerante? claro! e se perguntaram como iam um, outro, a, b, c. casou. casou? o espanto é autômato, geralmente casa-se, mas fingimos ser um acontecimento raro. e você, está linda! ela sem graça. você ótimo ! ainda anda como se estivesse na areia da praia. linda... um vento batia fraco balançando os brincos e era como se um fusível do chuveiro tivesse estourado bem lá no alto. claramente estavam dentro da sua cabeça aqueles olhos dela sob os dele imberbes. quase fechados os olhos dela ficavam ao fim. permaneciam daquele jeito por três minutos quebrados em horas longamente estranhas. dois olhos meio fechados que comiam os seus cílios, ainda insatisfeitos, moribundos, devoradores. jogava aos pés, dela implorava ele mudo todos os perdões que aqueles dois animais carnívoros e violentos lhe obrigavam. fomos bons amigos... fomos, ela sorriu com uma leveza materna e quase franca. quantos? dois! sabia que fui apaixonada por você durante anos? uma risada agora. o azar é que nunca se apaixona na hora que deveria pela pessoa que se queria. trocaram telefones, mas ele sumiu. ninguém nem mais sabe se o número ainda é o mesmo.

Um comentário:

Van disse...

Tive um amigo e uma história meio assim... Um sempre se apaixonando pelo outro em épocas diferentes. Nunca os dois ao mesmo tempo um pelo outro. E lá se foram 20 anos. Ele (o meu amigo) casa-se agora, dia 28... E a vida é assim.
Beijuca, querida!

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