segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Sinestesia

se fosse um filme, os closes seriam tão acentuados que se veria a tela embaçar da respiração que escapa. e haveria até desfoque... numa proximidade. os buracos dos poros. acho que o som também não poderia ser detido, é tudo baixo nas minhas lembranças. no filme aparecia os buracos na pele, os poros e tanto vapor condensando que vira nuvem, como montes de água juntos, partícula. na minha lembrança seria em perspectiva, em ângulos bastante incômodos, roteiro de elípses, capturando o que não é nem sexo; réstia. eram lembranças de pressas que eu sempre quis e tudo em sem saber o que fazer. parede, acontecia na parede, vai ser filmado numa parede em dia claro, parede de cor clara. se era eu homem, mulher, desimportância quando à 35mm vem do pescoço (que é corpo e só) e o quadro lateja mostrando ombros, uma mão, cílios e, quando doer quanto doía, eu me perdi sem sons. mesmo quando era penumbra e eu te vi, você é tão bonito que eu chego a enjoar. chegou a ser chato. queria um defeito no seu nariz, queria ter te conhecido há dez anos atrás quando todos os meninos da escola te batiam, você e eu tínhamos medo deles. esse passado em comum talvez faça você me olhar, nunca me ouvir, nem ler, mas entender, sempre frustrar. daí eu sentia você respirando forte em cima dos meus dedos e pensava se quiser um beijo vai ter de rezar uma missa de ação de graças pelos meus dedos. a imagem era nova, em releases nas minhas lembranças, de jeans e no corpo inteiro, morna eu, você e sal molhando. que sempre muita espera, nunca, nem acontecia (nem vai?) só pensando e já fui tão descuidada que escrevi n'algum lugar que nem te desejo melhor nem pior, foi só o que diz.

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anotação de fim: a imagem não me agradou totalmente... não comportou corretamente as palavras.

4 comentários:

Isabella Kantek disse...

Tantas coisas me passaram pela cabeça enquanto eu lia e tentava distinguir entre as lembranças da personagem e o tempo passado e presente. Não se trata de um texto acabado, desses cujo o ponto final basta. Fluxo de releituras. E eu volto.

Ricardo Rayol disse...

interessante como discorre sobre uma imagem com tanta intensidade. Fiquei com uma imagem na cabeça e talvez escreva sobre isso.

Anônimo disse...

O desfoque ficou visível,,, e nem era sexo...
Apanhar na escola era capaz de o mitificar mais ainda, rs...
Olha, gosto mesmo de te ler Priscilla,,, uso inspiração daqui pra construir personagens. Tens essa facilidade agradável da descrição rápida. Gosto mto disso!

Bjs e apaixonantes invenções!

Van disse...

QUERIDA....
PRA MIM, ACHAR A IMAGEM EXATA DO QUE EU DIGO E ESCREVO É UMA LUTA MUITO MAIS ÁRDUA DO QUE A QUE TRAVO COM AS PALAVRAS E AS RIMAS - QUANDO AS ACHO NECESSÁRIAS!
Uma imagem jamais será complemento completo praquilo que vai aqui dentro.
.........
Imagens são tão limitadas umas vezes, tão limitantes outras ....
Beijuca

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