quarta-feira, 29 de agosto de 2007

De encontro

o ocaso as a car crash...
e era o que eu te dizia, mais até do que sempre: tem o ponto que chega onde eu não quero mais esperar, eu quero ver o que tem lá depois e, se não for agora que eu puder ver, então não quero mais (fechar o olho). daí esqueço sem querer, tento repassar os segundos, o que falava, do que ria... onde você estava assim ficou só um sem nada dentro. minha expansão maior foi descobrir que, depois, podia me preencher novamente das formas mais inesperadas e imaginárias (em sonhos!). tenho pensando que são das coisas bem inevitáveis mas, assim que eu encontrar meus óculos, quero escolher. o que escrevo não evita o conjunto vazio.

no preenchimento
Num movimento diversamente proporcional, eles sentaram no meio-fio e pensaram que, a partir de hoje, iriam esquecer em público. E de fato esqueceram, pararam de fingir, esqueceram os compromissos, os nomes, dos parentes, do almoço e até do esgoto que corria ali mesmo junto do pé.
Não que importe, mas tudo tinha começado no dia frio quando ele apareceu no final do corredor usando um conjunto todo jeans e ele ficou esperando que fazia tanto frio que nem parecia o Rio de Janeiro; e é sempre estranho sentir que cê quer com peso. É diafragmal. Quis dizer do final da tarde mas o outro com seus que foi, que foi, não deixava. Se tivessem uma casa, iam pra casa mas abrigo mesmo, pra valer, só tinham na campana dos desenrolares inúteis, coisas que só aconteciam com os dois e com todo o qualquer um.
Não também que quem passasse na rua importava, não. Mas dançar de rosto colado já não era mais compromisso casto, é como que cair devagar e incompreensão - e queria sabia-se-lá-porque sempre dançar ou fazer, de conta, amor. Beijou o namorado displicentemente no canto da boca e mal esperava que nos dias depois fossem eles tão meio-fio, esperando o reboque pra levar o carro onde fugiam, iam decidir que começou.

3 comentários:

Ricardo Rayol disse...

Suas letras se tornam palavras e depois farses e parágrafos numa cadência alucinante.. perfeito.

Anônimo disse...

Adorei...muito bom!

Cris Martins disse...

Gostei muito. Muito sentimento em tudo que escreveu... Simples, mas profundo.

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