
mas é que era esperado só pra quem ouve a história, que uma coisa só é que ia suceder. e nem era um rapaz dos mais bonitos, nem rico (pobre de homilia), nem acendia vela, pulava janela bem à beça. contava que vinha encomendar copo. ela correu o que pode e a laringe quase estrangulou o coração de pânico. dia hora, escreveu na coxa, minutos pra ele aparecer no balcão d'ela atender. ele: moça... a cena, por que repetida, foi exatamente a mesma. segurou nas bainhas pelas pregas e deu bom dia pros estrangulamentos. depois não aconteceu nada, nada com o resto da vila, silêncio até nos que sempre diziam que um dia (!um dia) iam ver o mar. sacou a caneta: -1, em baixo, zero - e - ontem e você hoje se é fim dos pressentimentos tristes. poucos sabiam ler que dirá dar telha pra quem escrevia coisa na mão, no pescoço, nem o término do escândalo das calcinhas expostas em paralelepípedos públicos preocupava; vida é pra cada um achar que está. e ficaram tanto tempo lá, ele parado escolhendo copo e ela com a cabeça enfiada entre os pés, se calculando nas coisas do dizer, que ficou tarde e eu vim embora. agora conto a história, sem saber o fim que vai ter de aflitos.
4 comentários:
Cara, que lindo isso: 'e ficaram tanto tempo lá, ele parado escolhendo copo e ela com a cabeça enfiada entre os pés, se calculando nas coisas do dizer, que ficou tarde e eu vim embora.'
Sou fã da maneira como vc escreve. Beijos.
Conte-nos sobre o escandalo das calcinhas expostas... achei um tema interessante.
Não estou conseguindo ler Contenção ...
Beijo carinhoso. (sonhei com você e com a Flávia)
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