terça-feira, 15 de abril de 2008

E (...) à nossa programação normal

parte em que toca uma música alucinado-deprimente do Belle & Sebastian, que só faz sentido no fim do filme

O médico lhe disse há anos atrás que ela estava doente
O médico lhe disse há anos pra tomar uma pílula
O médico disse há anos que ela ficaria cega se não se cuidasse

Eles deixaram Lisa ficar cega
O mundo estava sob seus pés mas ela estava olhando pra baixo
Eles deixaram Lisa ficar cega
Mas todo mundo que a conhecia, a achava bonita

Mas levemente retardada
Bonita, mas temperamental
Bonita, mas levemente retardada
Bonita

e (quase) voltamos à nossa programação normal
teste
quando eles costumam aparecer?
naquela época eu ainda costumava usar aquele vestido cinza de gola dobrada três vezes, fumava o Mallboro vermelho - que troquei pelo Hollywood verde agora. tinha aquela mania, se lembra? de beber e mandar scraps pelo orkut, de escrever frases do tipo "e ele bem se entregou todo à ela" numa reunião de expressões inúteis que adensavam os eventos mais vazios. nunca ignorei que só os eventos vazios importavam, era isso.
quando eles costumam aparecer?
não sei porque ele repetiu a pergunta. às vezes acho complicada a comunicação entre pessoas que não se conhecem e eu não o conhecia: vinte e um centímetros mais baixo do que eu e a voz mudava, engrossava, atrelava ao chão as observações mais dispensáveis. queria que eu o achasse bom pros meus diálogos e nunca tirei nada da cara de pedra que fazia.
não há literatura capaz de resgatar enchimentos ou lacunas que descrevam a agonia esbaforida de ter de tomar conta do primo adolescente que ouve Sandy e Junior. esperávamos os meus amigos imaginários que não iam vir, nem mesmo com neblina; nunca disseram que devia ser como As Brumas de Avalon. não viram. ele chegou dum aniversário de 15 anos e uma das lembrancinhas eram aqueles envelopes com fósforo.
e cinzeiros!
ele completou e eu já enfiava no bolso quase alucinadamente paralela.

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