segunda-feira, 30 de abril de 2007


serei

a

sereia

serei-a




inspirado por:
Sereia, de Bruno Cabelo


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IMAGEM: Luis Lobo Henriques

quarta-feira, 25 de abril de 2007

хороший bye Boris


Adeus Boris... saiba que, quando eu estiver frequentando o AA, vou culpá-lo. Porque me lembro que eu era pequena e assisti à queda do muro de Berlim sem entender o que diabos tinha de tão absurdo em um muro velho e pixado cair, mas depois você apareceu dançando na TV e eu passei a achar o Gorbachev um pé no saco. Cresci adorando vê-lo bêbado, fazendo o Bill Clinton rir e abrindo o país ao capital estrangeiro... tudo bem, o comunismo não precisava ter acabado como a falência da Mesbla e a questão da Chechênia sempre me deixou triste - você sabe, o meu negócio é paz, amor e conceito moderno de nação (segundo Hobsbawn), mas entendo que não há líder de quem se possa gostar inteiramente. De qualquer forma, antes você que o Putin. O Putin é o Bento XVI em cirílico.

остальные в мире

domingo, 22 de abril de 2007

Kiderovologia: não diga nada! Ela te dirá tudo.

No final do ano passado, a Luiza - amiga incrivelmente presente nas ausências - me deu de presente uma agenda. Uma daquelas executivas, sóbrias, de capa marrom, com a intenção de fazer de mim uma pessoa mais organizada. Veio com a seguinte dedicatória: Para Prill, a pessoa mais 'maluca' que já conheci, mas a única que nunca traí. Menina, como sempre contundente. Que me perdoe a publicação.
A agenda acabou virando tudo, menos um lugar pra eu escrever meus compromissos futuros; mal anoto o telefone das pessoas lá, sou viciada em anotar as coisas em papéis que nunca mais vou encontrar, esses dias, virou caderno porque o meu sumiu (emprestei e não lembro pra quem). Enfim, ela se tornou, acima das outras funções, o papel ideal pra onde fogem os meus textos-trechos-randômicos, aqueles pedacinhos de história, de nada, que não tem começo, não estão no meio e mal terminam - assim, num de repente. Coloco alguns esperando que (gostem?) de absurdidades mento-literatológicas. Kinderovologia: não diga nada, ela te dirá tudo.

1.
Cinco situações diferentes o levaram até ali; mas nenhuma poderia se caracterizar numa boa história que valha a pena se contada.
Basta ao leitor saber que ele estava ali, em frente a praia, parado, sozinho, em pé, nu.

2.
A grávida sorriu quando ele apareceu de trás da divisória de gerente. Vestia-se à moda dos anos 70, uma blusa muito estampada, imensas formas geométricas vermelhas. Nos pés, sapatilha preta, lisa.
Aquele corte de cabelo tão novo... o que deixava confuso, furioso. O que dizer? Ela, sorrindo, prenha, feliz. Ele nauseado, sóbrio... invejoso.
- Você está...
- Eu sei!
Deveria dizer alguma coisa, uma piada... Mas desistiu e bateu as mãos num gesto patético.

3.
As canetas nunca tinham tampinhas. Nem as novas. Cito esse dado por me parecer intrigante, ainda que sob a aparência de inultilidade.

4.
...imagino, que pra lugar nenhum... vai rodar por mil lugares até cair por aí bêbado, chapado ou atropelado, tanto faz. Você dá voltas e chega onde não quer ficar, mas você também não tem pra onde ir, não tem lugar melhor, daí você se conforma porque poderia ser pior; você poderia ter ficado mais uma vez com aqueles caras do camarão. Tem quase certeza de que ficar com o pessoal dos discos de vinil é bem melhor, tem menos brigas, pelo menos. E você se sente só porque... já reparou como todo mundo aqui tá acompanhado?

5.
E em terras muito distantes, nasceram pessoas de terras muito distantes.

6.
Sabe a coisa mais esquisita? Foi acordar e perceber que tinha sonhado com tudo e que nada tinha acontecido. Daí eu virei pro lado e lá estava você dormindo como uma pedra gigante. Tinha acontecido afinal? Tinha.
Nem faria sentido eu tentar contar da coisa mais esquisita, porque isso foi um alívio, uma descrença no absurdo. Você deitado e, num incontrolável, me veio o gosto e o formato da sua boca, a temperatura e a textura da sua língua... (pra constar, acho essas descrições estranhas, não consigo fazê-las com naturalidade, qualquer leitor mais ou menos atento percebe isso). Enfim...eu não merecia... talvez a expressão nem seja "merecimento".. Viu?? É complicado... As coisas mais simples são as mais esquisitas da gente falar sobre.
Depois dormi e acordei novamente. Virei pro lado e, aí sim (!), você não estava. Senti um negócio; na verdade ele explodiu sem aviso em relâmpagos na altura do estômago - ou da bexiga? - e veio de baixo pra cima espalhando pelo esôfago até os ombros, passando rapidamente pela nuca. Não faço idéia do porque me senti assim, adrenalina. Achei que fosse vomitar ou ter um ataque epilético.
Nisso tudo eu já estava de pé, me vestindo, confusa mas, ao mesmo tempo - e esse pedaço vai parecer fora do lugar - tranquila porque o seu gosto na minha cabeça era um fato juridicamente comprovável.
Você foi embora de repente e foi até engraçado porque foi típico. Estou tentando pôr tudo isso num parágrafo...
6.1
Acordou e foi quase engraçado perceber que apavorantemente e tipicamente, ele tinha ido embora como se nem mesmo tivesse estado. Mas tinha... e não tinha só estado.

--
TÍTULO A kinderovologia é uma criação de Michel Melamed in Regurgitofagia (Objetiva, 2005).
IMAGEM Bom...um Kinder Ovo vocês sabem o que é, não? Indústrias Ferrero - Itália.

domingo, 15 de abril de 2007

Não os deixeis fazer de mim um macaco mordomo


>> antes: eu tinha escrito essa postagem , mas enquanto procurava a imagem correspondente ao título, o PC parou de funcionar, fechou o navegador e todo meu texto reside agora no espaço do des-existente. mas esse é novo.

Isso é um blog (?) (...) (!) (.)
Acredito que eu deva irritar alguns leitores com o quão aleatórios são estes posts (por exemplo, fragmentos de contos que às vezes são muito mal escritos e enfadonhos, como esse aí em baixo). Por definição, num blog devemos encontrar cotidianos narrados por indivíduos que colocam então suas impressões a respeito do que vêem do/no mundo, ou em seus mundos particulares (biography + log = blog). Tudo bem, a gente sabe que alguns blogs por aí acabaram extrapolando a função para qual o primeiro blog foi criado por se tratar d'uma ferramenta tão simples; espaços onde as pessoas podem colocar imagens, comentários sobre essas mesmas imagens, vídeos, artigos, músicas, discussões e o que mais queiram numa página fácil de criar e atualizar.
Daí eu olho pra esse blog e percebo que ele não é nenhuma dessas duas coisas; mas as duas coisas entre outras terceiras e quartas; é uma criação caótica, randômica, literária, sadomasoquista, musical e silogística da minha mente caótica, randômica, literária, sadomasoquista, musical e silogística. Limão Expresso.


Semanário etílico
segunda|| none
terça|| cervejas: ???
local: bar da frente/trote de letras
estavam: ffpeanos
quarta|| cervejas: 4; cachaças: 1 dose com laranja
local: casa, computador
estavam: luana vendo tv, cão branco, pessoas online
quinta|| none
sexta||chopps: 4
local: bar de nome ridículo
estavam: ana luiza, cristiano, zé
obs.:ana luiza planejou guilotinar meu polegar direito na porta do carro
sábado||chopps: 3
local: quisque da brahma
estavam: renata e pablito + batatas sabor peru
obs: a renata é menor e só bebeu coca-cola

Musicática semanal
5. The OffSpring - Americana (eua, 1998)
4. Cheba Djenet - Rani Hkamtek (argélia, 2002)
3. The queen is dead - The Smiths (inglaterra, 1987)
2. Verpertine - Björk (islândia, 2001)
1. The very best of The Smiths - The Smiths (inglaterra, 2001)

Copycat
Essa semana, lendo a página da minha amiga Carola (pra quem finalmente consegui enviar o primeiro tomo do que se parece uma carta) e ela falava irritada sobre uns textos roubados de sua página de romances: publicaram romances escritos pelas associadas do site em outros lugares como tendo outra autoria. Ela chamou o ato de "mais um caso de copycat" e se perguntou "essas pessoas acham que ninguém vai notar?", pois é..notam.
Soube que um punhado de alunos foi reprovados por terem trabalhos gêmeos entre si - com casos univitelinos e bivitelinos. Ora essa, é supreendente que, em plena graduação de história da UERJ, alguns alunos precisem ir ao Google e apelar pro crtl+c, crtl+v, é patético, antiético, anticrístico, um despropósito, em uma coisa: ROUBO DE PROPRIEDADE INTELECTUAL (em tempo, uma querida amiga minha faz parte do grupo dos reprovados, espero que ela entenda aqui que não é nada pessoal).
Ainda que o curso de História Fluminense I tenha sido oferecido aos trancos e barrancos de cuscus, ministrado por uma professora, pra dizer o mínimo, baratinada, que abandonou o cargo por problemas de saúde e terminado por um professor emergencial; darmos esse tipo de jeitinho, usarmos dessa malandragem, dessa gatunagem copista é endossarmos do lado de cá a balbúrdia e o descaso governamental para com as universidades públicas.

Último feriado
Nem comentei que estive em Rio das Ostras no último feriado com o meu irmão. Minha mãe, como fica muito apreensiva por causa dos problemas de saúde dele, me financiou a passagem, estadia e tudo o mais... Uma ótima, pensei.. precisava realmente tirar uns dias pra arejar a cabeça. Meu irmão não é das melhores companhias e imagino que estou escravizada pelo resto da vida da minha mãe já que ele me viu fumando um inocente Free... as pessoas só se tornam realmente adultas quando seus pais morrem.
Encontrei com a Flávia quase que por coincidência e passamos uma tarde absurdamente agradável - na companhia ainda do Antônio, seu namorado, que é um gentleman , além de fofo. Bom, espero que ela não importe com meus elogios porque são, so far, respeitosíssimos. O encontro foi o alívio que eu precisava há muito tempo; descobri em Rio das Ostras que sofro de isolamento espontâneo mórbido: praia, tequila, moços descartáveis, cerveja congelada, chapéu de palha e ondas levando as minhas coisas... como diria Morrisey, apoiado pelo Zé Roberto.
Sheila faça uma, Sheila faça uma reverência
Dê um chute neste mundo, no escroto, querida

E não vá para casa esta noite

Saia e encontre quem você ama e que ama você

Aquele que você ama e que ama você

É errado não estar sempre alegre?
Não, não é errado – mas eu deveria acrescentar
Como pode alguém tão jovem
Cantar palavras tão tristes?

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IMAGEM: do CD "Fold your hands, child. You walk like a peasant" do Belle&Sebastian (glasgow: irlanda, 2000), contracapa do encarte. Há nessa imagem a seguinte inscrição, que apareceu aí cortada "Please, don't let them make me be a monkey butler"
MÚSICA: "Sheila take a bow" do The Smiths, a composição é do Steve Morrisey, vocal.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

A viúva

Acreditando estar tudo acertado, voltou para o canto da capela , segurou entre os dedos da mão direita o cordão de continhas e apoiou o cotovelo do mesmo braço na mão do outro. A mãe dele chorava sem muito ânimo, apoiada com alguma conhecida que ela desconhecia e a meia dúzia de pessoas simplesmente olhava para o caixão de forma fixa, tão imóveis quanto os jogadores de uma mesa de totó.

Olhei com discrição para um ladrilho azul e ajeitei a gola da blusa, pensei que talvez devesse ter ido vestida menos formal ou devesse saber que as pessoas ali achariam ser ofensa que um dos presentes vestisse branco; passei os dedos pela franja, coloquei para o lado e novamente fiquei segurando o cordão de contas pra fugir de olhar o relógio e descobrir novamente que cinco minutos estavam demorando meia hora pra passar. Os chamaria de provincianos quando fosse oportuno.
Ele morreu às duas e trinta da manhã, mais ou menos, de uma doença causada por bactérias que eu jamais ouvira falar, logicamente nem ele porque nunca sentira nada antes da última semana em que ficou internado. A mãe me surpreendeu, eu achei que não ia haver velório nenhum, está morto está morto, eu sempre a ouvira falando, não tem porque ficar todo mundo em volta do defunto. Em seguida dizia que, quando morresse, não queria ninguém com vela ou água benta em cima dela porque morto não via, ouvia nem sentia nenhuma daquelas demonstrações rituais - inúteis. Já tinha até imaginado que o filho poderia ir antes, dizia que não ia fazer nada, e sacudia as mãos como se estivesse rodeada de moscas. De qualquer forma - e não conseguimos explicar o fenômeno - encomendara um velório de emergência, de caixão franciscano, numa capela igualmente despida. Comparecemos eu, o estagiário da galeria - que se encontrava mais uma vez lá fora aguardachuvado, fumando seu animal favorito, Camel -, a mãe, como eu já disse, e mais um pequeno punhado de velhos que nem eu nem o morto jamais havíamos visto (me parecia). Ele não tinha muitos amigos, é verdade, e ninguém mandara nem uma coroa de flores. O corpo havia sido liberado exatamente ás oito e quarenta e sete da manhã, o enterro seria o quanto antes fosse possível do almoço.
Era de se imaginar o espanto dos poucos presentes quando a mulher entrou fechando e sacudindo ruidosamente um guarda chuvas verde - imenso - e segurando a criança pelo ombro. Olhei para a mãe dele, ela se limitou a estufar o peito como que indignada; aquela chegada repentina atrapalhava tudo, sou obrigada a admitir que pensei o mesmo.
Acho que levou uma meia hora até que ela se aproximasse do caixão... depois foi como se não pudéssemos mais tirá-la de lá. Ela segurou a cabeça dele, passou as mãos pelo corpo derrubando todas as flores, puxava o ar pela boca sem fazer qualquer som. Dei um passo pra frente achando que ela fosse desmaiar, mas isso não aconteceu. Na verdade, para nosso espanto final (era possível), para o espanto dos que já estavam suficientemente espantandos, ela soltou um grito e caiu; caiu no chão se derramando como se fosse um saco de compras, estatelada, arrancando os véus da ornamentação que ela enrolava nos pulsos, no pescoço, fora de si, naturalmente, como a verdadeira viúva, a que esteve tantos anos ao lado dele, sem nunca estar de fato ao lado. Era normal, até saudável para nós presentes, que ela figurasse tão visceral ali bem na nossa frente, no que seria um velório e sepultamento dos mais esquecíveis.
A criança permanecia à porta, constrangida, dava pra ver. Eu passei o dedo indicador no cordão de contas, nervosa demais pra pensar. O estagiário se esforçava pra levantar a mulher de lá, mas parecia impossível. Ela o afastou aos chutes e fez um gestos com as mãos para que o filho fosse também até ali ao chão, então se levantou, segurou a criança tapando-lhe os ouvidos sem querer e repetia então sem parar que aquele era seu pai; seu pai, o seu pai! A mãe nada dizia, eu tampouco, fiquei na minha. O marido sabia que a mulher estava alí do outro lado da cidade? Devia estar no quarto, sentado a beira de cama, em chinelos.
Em algum momento, por uns segundos poucos, fui solidária àquela mulher... eu mesma já havia sido tão apaixonada quanto ela por aquele homem, ali, morto cedo pra não provocar mais os sentimentos que provocava e aos quais era sempre tão alheio – embora educado. Eu não tinha tanta devoção quanto a que puxava as pregas do próprio vestido de loja de departamentos... eu não era e nunca fui capaz daquilo.
Dei dois passos para trás e me sentei num banco de concreto forrado de almofada e borracha que rodeava toda a capela. Sentada, respirei fundo e me impressionei de descobrir que amava na medida dos indiferentes... olhei para o relógio só pra confirmar que ia almoçar mais tarde do que ontem. Compraria analgésicos assim que chegase em casa.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Dos separatistas

Não merecíamos esse destino, de sermos perguntados, pela televisão, onde cada um de nós esconde o próprio racismo. Essa é a pedagogia do racismo. Quer obrigar todo mundo a se confessar racista, a se conceber racista, a se tornar racista. É tudo muito insensato. Eu, que não sou tão diferente assim dos demais brasileiros, não escondo racismo algum, simplesmente não sou racista. A idéia de raça é uma idealização alucinatória, do tipo que levou os alemães a matar os judeus que conseguiram encontrar, de 1933 até 1945.
(José Roberto Góes . Revista Inteligência, 2006)
Um semanário atrasado
Estou ainda pensando em Matilde Ribeiro e sua máxima "quem foi açoitado a vida inteira, não é obrigado a gostar de quem o açoitou". Depois veio o incêndio na UNB e... já não sei se não foi a a própria Matilde quem foi lá e tocou fogo na faculdade... seria a prova cabal de sua insanidade e a colocaria num hall da fama bem do lado de Nero, assim bem juntinho; uma saída gloriosa para nossa ministra
da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (também desconhecido como Seppir).
Na verdade, isso aqui deveria ser uma espécie de artigo mas eu não consigo executá-lo, o que me deixa
frustrada. Não que a minha opinião vá mudar o planeta, reconheço a desimportância que ela tem frente ao resto do resto todo - também nunca tive essas pretensões megalomaníacas, só fui um tanto comunista numa determinada época - mas... dá pra entender que acho importante e válido que não engrossemos e coro do silêncio (isso foi proposital). Coloco esse "engrossemos", esse nós, tentando englobar todo mundo que eu conheço que acha essa propaganda maciça sobre o racismo existente no país (como a "Onde você esconde seu racismo") uma grande manobra para levar todo o país a um estado de loucura, intolerância e racismo de fato (todas as palavras se redundam aqui); todo mundo que eu conheço (vou me corrigir, os que não conheço também) que considera isso tudo de um desinteligência e mal gosto absurdos.
NÃO SOMOS RACISTAS, nunca fomos racistas, segregacionistas como dizem os que gostam de nos ver norteamericanizados; no Brasil não conseguiríamos filmar Crash nem tampouco conseguiríamos apontar quem são esses brancos de quem D. Matilde fala, principalmente esses brancos que (me??) açoitaram.
O chicote brasileiro não foi privilégio dos "brancos", mas de todos os senhores de escravos fossem sem cor ou de cor. O mercado de escravos era plenamente acessível a quem pudesse pagar por ele e, não se engane pela caricatura da escravidão, africanos e crioulos (afro-descendentes) tinham oportunidade de tornarem-se também donos de gente bastando para isso uns réis para aplicação na sacola. Não porque eram cruéis, mas porque tinham respaldo de uma cultura escravista em que estavam inseridos e que hoje analisamos como cruel, mas hoje não é o século XIX... Finalmente confesso: a senhora D. Matilde está equivocada e seu equívoco extrapola os limites da lógica, do bom senso e da própria lei anti-racismo que tanto defende.

Na mente de loucos
Digo a vocês que estou sinceramente preocupada com a minoria branca de nosso miscigenado país, os brancos, nórdicos, descendentes diretos dos europeus cujos pais, avós ou bisavós, jamais tiveram contato com nenhum fruto (ou fruta) dessa terra. Estes estão realmente ameaçados já que a senhora Matilde considera natural que um "negro" se ponha contra um "branco" porque, numa era imemorial ao mesmo cidadão (que é "negro"), seu antepassado fora açoitado pelo antepassado do outro "branco", ignorando - como eu já disse aí em cima, mas agora vamos fazer igual ao filme Cidade de Deus e ver a mesma cena sob outro ângulo - que este, ou ainda, estes mesmos antepassados possam ter sido açoitados por um outro "negro", por um suposto igual.
Tais arianos estão excluídos do afanado Estatuto da Igualdade Racial e podem, segundo o Seppir e sua secretária, serem recharçados por uma KKK/Panteras Negras numa espécie de sacrifício cristiano que visa purgar os "brancos" de "suas" atrocidades passadas.
E então? Como fica? E os "pardos"? Devem passar a chicotear-se a si próprios como retaliação aos insultos recebidos por parte de uma porção "branca" ancestral? E a porção índio? E agora? E os de origem árabe? Mapeamento genético seria a solução? Que porcentagem dos meus genes ganhará?

Isto é o circo dos horrores, amigos... É o ódio mútuo semeado pelo Seppir da notinha do jornal à novela das oito. Dividir para unir. Dividir para consertar. Descriminar para discriminar.
Me perdoem o mal jeito com as palavras e o assunto indivertido.

Para ler e não insandecer:
ENTREVISTA À BBC BRASIL - Matilde Ribeiro
NÃO SOMOS RACISTAS - de Ali Kamel
REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL - Minoria: ser ou não ser?
DOIS MIL E SETE- por J.R. Góes
CONTRA O FANATISMO - de Amoz Os
RAÇA COMO RETÓRICA - de Yvonne Maggie
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