quarta-feira, 19 de maio de 2010

Modinhas para fêmeas: Mirtes


Las miradas de tus ojos son tan sutiles que penetran en el alma de quien los mire.

Said she was a killer, now i know, i'ts true [hey, go get the doctor / doctor came too late]

A cidade mais ingênua, replicadora de crismas e parentescos não-permitidos, dessas; sentou-se no bar duma dessas. Sei que fica atento, mas é para incompreender o que lhe escapa, para observar os primos em flerte donde nascerão amores endogâmicos. Velhas senhoras, mendigos inéditos. Me escapa como choram os homens, se com as mãos unidas, se comendo, se silenciosos ou se cansados igual todos a quem a dor se impõe. Esse tinha a cara seca , que se diga pois não mancharia aqui nenhuma honra. O nome que me pronuncia como mais do que deveria lembrar...

Há na dor todas as coisas externas do haver sido bom, digo as dores da alma, do haver sido bom e de se ter perdido - sempre bestamente - o divino paraíso ao qual, não se sabia, estava de acesso. Ela em seus olhos porque tem uma boca que molha vasta e - como mente bonito - casta. Ela é branca e maligna, Mirtes tinha os olhos malignos.

Ele se aproximou arrastando a cadeira com a bunda. Quantos outros mortos, quantos no front dum amor só dela haviam ficado? Tantos muitos outros e, se não se atrevia a contar as mulheres, era por religião. Reconheceu-se mártir na suposição furada de existir e reproduzir-se na identidade mediante as próprias escolhas que nunca fizera; porque Mirtes é mulher de arrastamentos.
- Ela nada reconhece, explicou com a cerveja, tão quente está esta tarde.
Ela, dita Mirtes, nos vinha a todos em promessas escrotamente cálidas de uma aproximação de sua boca, com suas palavras e seus afetos. Quem não se empenhava? Quem não salientava , e mesmo salivava!, ver na própria destruição a reunião possível de si consigo, a paz, em Eva, em Deus, na cobra falante trepada na árvore?
Ela, ditosa Mirtes, tem seus olhos que são malignos e que destrõem a ele, a cerveja do dia quentes, aos incontáveis e a mim. Aquele com sua cerveja à tarde, com o copo entupindo, não lhe descreveria tão bem como eu que lhe conheço em vontades, em vozes e em contornos porque, porra, poesia sou eu. Ela mente com a boca sempre eterna e molhada, é da coqueterie e tem o útero fantástico, um útero mitológico. Se é fêmea!
Mirtes se propõe a uma conversa, a uma fotografia, eu a vejo lá longe em conversas, fotografias, ajusto a máquina quando ela sai rosada já que ela e branca e lindamente má, inescrutável, valorosa mãe. Eu a gostaria.
No domingo, dominós. Belo Horizonte é com seus prédios agora, para o alto como já se disse, mendigos inéditos. Eu imploro com eles o olhar que é dela e consumidor, burning paradise. Ela ama as mesmas ruas de uma cidade onde cresceu, e por onde andou e onde aprendeu a arte do bem querer, da agradável companhia, sua exogamia. Gosto quando ela usa as palavras com a boca nude de olhos pintados: demarcação. Mirtes me elogiou semana passada, quase morri.

Um comentário:

Fernanda Mirtes disse...

Chocada e maravilhada com o seu texto.
Thanks, honey.
=*
Fernanda Mirtes

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