segunda-feira, 28 de julho de 2008

Le Mariage

Why does Goucem steal the gun?




Elle veut l’amour
Pur et sans failles
Dans le profond des horizons lointains
Mordre au citron
De l’idéal
Elle veut le début sans la fin
J'aime....

ela quer o amor puro e sem falhas
nas profundezas dos horizontes remotos
morder o limão
do ideal
ela quer o início sem fim
eu amo...

(par Biyouna)

Le mariage (sans la fin)
Eu fico ouvindo a água do chuveiro e penso que é chuva. acho estranho como os móveis, as paredes, mudam de lugar e tropeço e machuco os dedos do pé. Olho as unhas do pé e penso que deveria usar aquele remédio, aquele. je ne peux plus vivre sans mon mari, eu disse embaixo, e achei que era uma grande incerteza que as coisas não se deteriorassem à cada espaço de dia. Me devoravam muito lentamente.
Descendo a rua, eu passava pelas barracas e o via escondido entre duas caixas grandes onde haviam estado tomates, batatas e ele me olhava com uma coincidência de olhar como a que se vê nas esquinas hoje, pela TV. Nunca nos falávamos e eu quis mandar uma carta, queria endereçar a quem? sabia que de noite ele vinha até a cozinha procurar bolo dentro do papel laminado, fazia escondido como se eu não visse e penso que talvez soubesse que eu não queria ver mais os pares de olhos com laços soníferos.
Eu observo as entradas e ela talvez a mim: je ne peux plus vivre sans mon mari! e nem sei mais quem diz. Quem diz? A quem endereçar? Eu, a fala, os carros de noite e um sentido de dor na garganta, de sal nos olhos que se saiam, e eu confundia o barulho com o barulho de chuva. Ela me ouvia como que não compreensiva e decidi que era bom um ônibus, um atropelamento. Passei a mão nos cabelos não sei quantas vezes - ainda tinham as cores quase farmacêuticas como o castanho café 366. Gritei e acho que saí andando mais na rua porque soube que a cidade não me seguia desde que saí com poucas peças de roupa e um prazer entre as pernas que foi constante.
a água ficava escorrendo por todos os lados, paralelepípedos... eu tentava passar o véu mais justo nas orelhas porque sentia muito frio. a Place Mai Alger tinha ficado longe novamente, como ela que não me ouvia, como as caixas de legumes, os remendos de móveis faltantes, as cartas que ele me mandou da cozinha à varanda de cima do sobrado e que queimavam afeto.

domingo, 27 de julho de 2008

Antologia da passionalidade uterina: séculos XX e XXI

Nascida Eleanor Fagan Gough, foi criada em Baltimore por pais adolescentes. Quando nasceu, seu pai, Clarence Holiday, tinha quinze anos de idade e sua mãe, Sara Fagan, apenas treze . Seu pai, guitarrista e banjista abandonou a família quando Billie ainda era bebê, seguindo viagem com uma banda de jazz. Sua mãe, também inexperiente, freqüentemente a deixava com familiares.

Menina americana negra e pobre, Billie passou por todos os infortúnios possíveis. Aos dez anos foi violentada por um vizinho, e internada numa casa de correção. Aos doze, trabalhava lavando assoalhos em prostíbulo e aos catorze anos, morando com sua mãe em Nova York, caiu na prostituição.












quinta-feira, 24 de julho de 2008

minha fotografia favorita de Tina Oiticica Harris



Caríssima
me diz uma coisa: posso te roubar? Se eu fosse ladra, queria ser igual ao Bruce Willis e o Thornton em Bandits, chegar no banco dando bom dia, "this is a bank robbery". ah sim, posso roubar um texto e uma foto sua?
é que, como não ando com cabeça pra escrever, venho querendo recortar pro limão as coisas que gosto e que as pessoas que me são queridas escrevem. entonces? queria roubar o post da chuva na Praça da Bandeira junto com a sua foto no Jd. Botânico... eu roubaria assim, roubando mesmo, mas não encontro a foto, (onde foi que eu vi, meu Deus?) e também pensei melhor achei melhor te perguntar antes se posso usar escritos teus.
então, me conte como está?
(...)
em busca da foto, acabei lendo bastante do UA e cheguei à conclusão que você tem um espírito à la Scorsese. caramba! tem sim, olha lá! que acha?
espero que esteja bem
Priscilla, mon amour:
Scorcese e eu somos de famílias católicas. Ele é um gênio e eu sou uma desmiolada como você. Estou preocupada porque você bebe. Você não pode beber uma gota de álcool. É uma droga draconiana mas é isso mesmo.
(...)
"roube" o que queira.
Vou almoçar. Nem postei ainda.


minha fotografia favorita de Tina Oiticica Harris
(ou Mulher, musa jardim-botanesca)
Hi Nicolas
Acabei de saber que a Tina foi embora e estávamos falando sobre a besta do Karl Marx, minto, falávamos das bestas que achavam que matar era bom porque era por causa do Karl Marx e ela, nem eu, a gente não entendia isso.
Não entendo porque só soube agora. Talvez eu não devesse ter me ausentado, não entendo porque me ausentei para cuidar dessas coisas que me pareciam importante. Vim aqui contar a ela que, finalmente, tinha acabado, que estava no fim as coisas que me afastavam. Ia perguntar quando íamos nos ver, talvez. Maybe...
Tenho tanto carinho pela Tina, mas tanto.
Conheci a Tina porque escrevia sobre o Rio de Janeiro e ela disse que sabia exatamente em que ponto da praia estava o vendedor de biscoitos. Ela me corrigiu porque eu errava as coisas que via do Rio de Janeiro, cidade fantasiosa que ela conhecia verdadeiramente. Ela conhecia o Rio de Janeiro de verdade.
É verdade que nunca nos vimos, não mais do que pela tela da máquina que ela gostava tanto. E ela me disse sempre pra eu parar de beber. Disse, estude e comporte-se. "Você não sabe quanta bebida tenho no meu bar. Não bebo nada. Não como açúcar. Um chocolate especial porque ninguém é de ferro. Mas parou aí.". Tina, minha querida Sea Lion Woman... e eu queria e devia tê-la amado direito como as pessoas fizeram. A amo. Ela disse que a mim.

Sentirei grandes saudades dos seus carinhos e nossas conversas sobre como ter dias bonitos e como tirar fotografias de flores até elas parecerem desenho. E não esqueci que a prometi um texto sobre minha favorita dela, lá no Jardim Botânico, tão linda... linda Tina... não esqueço dela.
Sinto tanto, Nicolas

Beijos.




domingo, 20 de julho de 2008

e parecia ternura...

se eu me deixasse embalar...





novamente a inacreditável Mariza, numas visões que são os próprios arrebatamentos.
me apego, porque daqui não tenho gente nem terra e imagino como é ser alguém e mais outros; os que já se foram e os que ainda estão aí andando nas calçadas e mais. não tenho gente nem terra. a minha tristeza não sei...
ela canta e samba, filha-neta de nem sei quem.

o vídeo quem me mandou foi o Messias, querido amigo que é grande poeta versador, vinho, Ferreira Gullart, salão do reino, generosidade e moça serenidades de Tubarão. peço que o visitem em Sapopédia porque dele nada consigo roubar (e a coragem? e o pudor?).

quarta-feira, 16 de julho de 2008

a falar, não posso dar-me

se a minha alma fechada
se pudesse mostrar,
e o que eu sofro calada
se pudesse contar,
toda a gente veria
quanto sou desgraçada
quanto finjo alegria
quanto choro a cantar...
que Deus me perdoe
se é crime ou pecado
mas eu sou assim
e fugindo ao fado,
fugia de mim.




(....a falar
não posso dar-me
mas ponho a alma a cantar
e as almas sabem escutar-me


escorrem os poetas que escrevem letras que falam aos cantos
nela... Mariza...

quinta-feira, 10 de julho de 2008

O Clube do Coma: reacende e se afoga para #10

Noutra parte eu vejo as duas e elas estão conversando. Uma delas diz que queria ficar e a outra também. Elas entram num consenso, mas ele não faz o menor sentido porque, veja, elas querem ficar, mas não podem, não como duas. Cada uma devia ir, elas deviam. Elas não vão. Uma está sentada e a outra de pé. Uma delas está gritando, acho que é a que está sentada quem está gritando, não tenho certeza, e gritando e as unhas no braço da outra a batendo. Acho que ela está pedindo para a que está de pé ir embora. Talvez eu não consiga ver nada direito, é bem possível. Não queria nada disso, não queria que elas estivessem aqui. Queria ter entrado naquele ônibus e ido para casa porque estava lá: todos me esperando em casa e elas resolveram justo naquela noite que ia virando dia pelo horário pegar o mesmo ônibus. Eu não devia ter virado dois.

barco
Nesse modo novo, ela ficou bem na beira pondo tudo pra fora pelo vômito. Pensei que talvez fosse isso, que Maria fosse parir e fazer nascer alguma coisa além de ficar caindo, caindo e sendo abismo. Ela costumeiramente cai igual abismo, infértil, sem algum arbusto por perto e você não segura. As pessoas se aproximam dela e não sabem explicar porque. Maria se mudou para a Rua fonte da saudade em tempos imemoriais; Maria via Nara Leão na praia, mas nunca teve coragem de ir lá, de ir lá e falar com ela, nunca tinha, na praia. Maria não é coletiva, mas as pessoas assim mesmo se aproximam dela e vão sendo todas tragadas pra dentro dessa coisa que ela tem, essa coisa feliz, essas reuniões de sábado à tarde que ela tem dentro dela. Dentro dela é sempre sábado no final da tarde e está sempre frio, embora com sol. A lua fica aparecendo no céu igual unha e isso deixa todos felizes. Maria usa roupas largas, Maria não se lembra bem que nasceu igual se nasce de tédio. Ela não sabe que o pai chegou perto da mãe por tédio e que a mãe abriu as pernas por tédio, e ele foi metendo por tédio, e ela gostou por tédio, e ela estupro como gostava por tédio. Maria nasceu exatamente onze meses depois. Não queria sair, pra ver o que? Não queria, fez bem. Queria que ela morresse. Maria, a sua mãe, ela não confessa isso pra ninguém, esse lugar tão comum das mães que não querem ter filhos, e não querem mesmo. A Maria tem um rosto que não chega a ser bonito, mas ela paga um boquete muito bem. Maria dizia que a mãe e o pai tinha largado ela num barco e ficaram na proa esperando a água levá-la: estibordo.... as pessoas chegaram e viram que é isso? a criança vai embora com o mar! E eles a cataram, a acolheram felizes feito quando é luz naqueles letreiros de propaganda, dos prédios. Nossa! A mãe virgem que concebeu o menino Sidarta, andando sobre as flores brancas, depois o crucificamos. Magro... magro... Maria, me deixe te dizer, calma, não vira o rosto, não fica fugindo... eu sei que é tão ruim, vou falar baixo, te contar baixo que ela te pegou, encheu um tacho azul, tão azul.... ela ia te dar banho, Maria, te limpar, te deixar . Ela te deixou lá e por que? Você batia os bracinhos, você batia as braças e ela ia te afundando e a sua cabeça ficou submersa com aqueles olhos que eram daquela cor abertos. A sua barriga ficou toda cheia dágua.

pesadelos recorrentes que maria tem
1.
ela está num caro com alguém, com um homem, e ela tinha ... ela gostava dele e ele gostava dela, ele era mau. eles vão numa subida, numa rua, numa estrada e vão subindo a estrada com a calçada branco e preta do lado direito, aparecendo no vidro da janela do carro tão rápido que nem dá pra ver os desenhos que são ou branco, ou cinza. e daí o carro para e ela sai correndo - a câmera vê isso de longe, como o carro pára de repente e ela parece na porta e correndo usando um vestido preto. e ela pula ou se joga, mesmo avoa e cai direto na areia - a câmera mostra o braço dela de perto e a areia indo pros lados e ela está chorando porque o homem disse alguma coisa que ela queria muito ouvir. e ela consegue continuar correndo, mesmo que a calçada seja uns metros acima da areia, ela sai correndo e ela pára, e ela entra na água, ela olha a água - a câmera mostra que ela solta o ar pela boca e pisa - e pisa, de novo, de novo e então ela se atira na água como se a água fosse cair alguns metros acima da areia. e vai nadando, entrando.

2.
ela está no topo de uma escada caracol e a mãe está lá em baixo dizendo alguma coisa e ela esta procurando alguma coisa numas estantes, numas gavetas e é um mezanino e ela desce a escada mas ela fica balançando e é mole, mas a mãe dela continua lá em baixo chamando, dizendo que ela tem de levar a coisa que ela pegou e ela disse que não pode porque a escada está caindo. a escada é cinza, mas ela pisa no primeiro, no segundo degrau. e desce a escada e os olhos ficam muito... vermelhos... ela diz, ela vai com a coisa da escrivaninha na mão dizendo coisas, gritando um monte de coisas e ela diz grita umas coisas: você já viu o quanto essa escada está bamba??

3. o clube do coma
ela está num teatro e as pessoas filmam as pessoas e as pessoas contam as coisas e tudo aparece na tela. aí ela, outra, outra, sobre no palco e começa a contar a história que era dela. ela sobe e ela grita, todos gritam às vezes, ela só grita pra dentro porque a outra.. por que a outra vai dizer e todos vão ver? ela beija a outra, ela põe a mão na calcinha da outra e ela sente que a outra está molhada e ela continua passando os dedos porque acha que ela está molhada, ela beija a outra de boca gostosa. a outra diz: você é um peixe.

4.
ela está num carro com um homem e o homem gosta dela. ele não é muito bom. ela se joga na água, é um sonho que acontece toda hora, igual o sonho de que ela está num prédio e tenta subir as escadas mas elas estão interminadas e dá pra olhar pro teto e ver os fios, os canos passando. ele fica abraçado e ela s´o queria nadar na água, entrar na água até o fundo onde tudo fica muito, muito silencioso num vestido solto, longo, de crepe. a barriga dela ficava cheia d'água e ele ficava lá só segurando ela e ela ficava lá com frio se debatendo. e não era. ela ficava querendo correr e fugir, e afogada, cheia com a água. água. água. água.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

do pedir:

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metalíngua na minha boca
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terça-feira, 8 de julho de 2008

Dissewiskey: terminações etílicas dirigindo

Cheguei ainda pouco no tanque a tempo de ver o meu pai, a quem decidi agora que tem só o nome, com uma garrafa de Coca-Cola, com cachaça.

6.
Eu queria tudo diferente... às vezes eu acho que esse cheiro não vai sair de mim e do cabelo. Isso me espanta em você, e acendeu um cigarro, foi pra junto da janela exatamente quando passou um Maverik vermelho escrito vendo raridade. Te espanta porque não precisou comer os ovos empanados do boteco, o moço me dava até um refresco de graça, junto com ovo... ovo cozido empanado, ovo à milanesa e um refresco bem ralo de maracujá. Só queria tirar o cheiro de peão de obra. Não sinto, nunca senti, não gosto de você assim. Riu de novo. Ri... ri que eu te prefiro, ri até com os dentes, Clarisse. Ficou d'um sussurro que se estendeu fresquinho pela sala e puxou uma mecha de cabelo dela com outros dedos da mesma mão de cigarro; prefiro você Clarisse à Macabéa.


cervejas depois...

o que me cansa é essa guilhotina velha me dizendo que eu tenho que escrever sóbria. ela veio de onde? desculpa, amor, mas gosto é de escrever bêbada, você sabe. a bebida não é mais que a direção de mim sobre o corpo; etilicamente eu ganho cruzada as curvas, os vales, os rios. eu me bebo, me açude. a polícia me para sobre mim quando eu vou passando rente do bico dos seios, me pára. minha escrita tem desse dissewiskey, falo lá bem alto nos porcentos, pelos graus. é o sexto hoje. as meninas vão passando, os meninos grandes de bicicleta, desculpa, amor, eu reparar. ainda te prefiro, sempre sempre. te quero mais depois da segunda cerveja, aí meu sexo é quem mais te deseja, independente de mim, nem faz força pra me convencer. eu deixo o catolicismo pra trás. a bebida de mim, as letras, as linhas colocadas no lugar errado, fingindo que eu ainda sei que tenho (estado) escrevendo. eu não sei.

sobre as folhas
pensava esses dias sobre a comida. lembrei da história que eu contava esses dias - faz uns meses, cê lembra? - da mulher que tinha comido ovo à milanesa. eu lembro que eu chegava no bar e via aquele ovo rosa e achava ele bonito à beça. não sei porque não pedia o ovo rosa... na verdade, é que eu achava que o ovo vestido com gema de ovo, depois frito, era outra coisa, um salgado. a primeira vez queu mordi fiquei só pensando na gordura. lembrei do dia que o pai que agora só tem o seu chamar pelo nome, colocou em cima do arroz óleo de soja porque a gente não tinha azeite. vomitei no corredor do colégio. deve ser por isso, e outros, que tenho obsessão agora por comida. comida pra mim é presente. já trabalhei por comida. meu paladar gosta é de colocar a língua pra fora e provar as coisas, as pedras, as pessoas, as bocas das pessoas e as comidas que as pessoas comeram. gosto de beijo salgado. depois eu descobri que era ovo, não salgado com massa, com frango dentro. depois descobri que não tinha dinheiro pra pagar o salgado que tinha massa e frango dentro, só dava pra pagar o ovo, não lembro se o refresco era de graça. voltei pra escola, fiquei sentada no pátio esperando a hora da aula. não sei o que era queu fazia, queu pensava, que o estômago pensava (mais... mais... por favor, mais...: não pode). é uma amnésia grande como eu olho pro pátio e as folhas e as [...] que davam na árvore, a faxineira.
não lembro o que eu lembrava. acho que isso era eu ir embora, de mim, digo. ia. eu nunca mais voltava. aí fico me catando, estou aqui tentando me catar nas letrinhas.


domingo, 6 de julho de 2008

Descomposturas dumas palavras sobre pernas quebradas: à trote

ditamentos que são parte da descompostura de quem queria remontar Bergman e aqueles olhos de cavalo:



The Horse's Eye Structure

The horse's eye consists of several parts which are all adapted to meet the horse's special needs.

(...)
Three chambers make up the inner eye. The anterior chamber, which is filled with a clear fluid, is located between the cornea and the iris. The posterior chamber sits between the iris and the lens and the vitreaous chamber is found behind the lens. This chamber supports the lens from behind as well as holding the retina in place at the back of the eyeball.



1.
As semelhanças encontradas entre quem quer que sejam dois, eram desajuizadas. Primeiro, são as centenas de olhares mal usados que os impediu de perceber que a razão das coisas vem do ouvido. Segundo, quando pegou o ônibus, o que ele imaginou era que estariam juntos durante, não só juntos, mas mesmo unidos, falando as mesmas coisas às mesmas horas discordantes - desentendiam já que os atos não correspondem às visões de mundo. ...durante o tempo levado para sustos e despertadores abruptos.

2.
Dessa vez não queria começar com um advérbio de tempo: nunca sabia por onde era que se entrava no texto (o homem bateu na minha porte e eu-a-bri)e nunca soube mesmo. Posso tentar explicar e ser inteligível: o que escrevo é mais do que eu digo. Abuso de dizer eu e isso me envergonha às vezes, edito. Eu não estou presente nas falas, tenho frustrações por não estar, freqüência cardíaca, presente nas falas. Falo e o que sai não é o certo, o que sai é o aparelho fono-desfibrilador que se articula enquanto, de longe, o que fica (?) na minha parte de dentro acena as respostas das perguntas que quem me parou na rua faz. Meus diálogos são tentativas, são trabalhos de ouvir o que eu digo e responder. Eu fico falando muito baixo, eu às vezes não me ouço, eu geralmente entendo errado. Dá pressa. Dá máscara. Às vezes ficam um monte de palavras juntas ou grudadas, se refrescando na pedras, e pulando e essa é a esfera dos fragmentos. Eu digo algo, eu não faço parte dos sons. Eu estreito descomposturas de cinismo ato fálico.

3. Em tudo o que riscavas, queria um testamento (Carpinejar)
Quem diria! Quando ela parou com as pernas na minha frente fiquei até sem saber. Sabia de nada mais porque eram lá, se vê, as pernas na minha frente. As pernas cheias, compostas, de pé, na minha frente e cheias. As pernas ela não cobria, usava saia, eu a usava. Quem diria... logo ela e as pernas ali de fora, na minha frente e não só as pernas, nada, nada, ela não estava vestindo nada. Fechei o olho e fiquei achando que ela não vestia nada. Minto! Ela não vestia mesmo nada não. Ela me despia, ela não tinha vergonha, sempre ela, quem seria eu então ali toda sem ela, assenhorada dela. Na minha frente. Fechei o lho de sempre, um, depois outro, como se fosse o obturador porqueu queria lembrar dela e as pernas na porta. Pelo espelho da porta.
Dei meia volta, acertei com as pontas dos ossos e carne meus três laços e minhas centenas de olhares mal cruzados ajeitaram a miopia que, se já não era cegueira, eu nunca quis operar. outras palavras onde não me reconheci - copo de Dissewiskey, por favor. Ninguém me trouxe.

-
imagem: horse + eye (animal body part). gettyimages
texto: Suzan McDonald sobre uma desordem ocular que pode ocorrer nos cavalos. Wishon Ranch's Web Page

o que há...: às vezes eu não escrevo porque não tem internet na minha casa. às vezes não tem internet em Sadi Moussa e fica assim por dias.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

desculpa em postar todos os dias: feist e twitter

Priscilla Santos prill definitivamente, a fiest tem o guarda roupas e as dancinhas dos meus sonhos http://tinyurl.com/yvhyvh (meu reino p um collant azul brilhante)
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My moon, my man's a changeable land
Such a loveable land to me
My care, my co-lead barber I know
There's nowhere to go but on

[meu homem é uma terra mutável
uma amável terra para se estar
]

ps. anotar que eu queria ou devia fazer isso outro dia lá no metrô. estação Cantagalo

collant azul, scarpin branco e lantejoulas
e um vídeo all doçuras para passadas sentimentais
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terça-feira, 1 de julho de 2008

Barbarism begins at home

cagação de regra:
rir é coisa pra quando a gente não sabe mais o que fazer olhando o absurdo.

I'll stay home forever

I'll lay down the tracks
Sandbag & hide
January has April's showers
And two & two always
makes up five
[... supressed]

You have not been
paying attention







Like flies the burgers
Keep coming back


o olhar desses dois moços, como eu faço pra medir a extensão que não me afetam? não. para afetar-me (a mim) é bem possível que seja só com um olhar morrisey. antes de ir pra escola, ele me dava um beijo e dizia alguma coisa sobre que ia continuar velho e eu ia continua nova, nova em folha. respondi que hoje em dia aqueles passadores da C&A andavam caro, não era todo mundo que ia assim, sair de casa, com os rostos esticados.
nos anos 80 começamos a suspirar, a suspeitar que tudo não ia ficar bem. os dois moços com os olhos que nem sei medir. eles carregaram o menino preto e o menino preto dormia em cima daquela passarela que passa e, frente a passarela da Novo Rio. lá em baixo, a Zona do Porto, do lado as pedras dos Açores onde Macabéa pisou cartomântica, elevada, letargia. os carros, ônibus, enfim, o trânsito passava e o corpo preto do garoto de preto trpidava em cima do ferro que foi amarelo e a tinta destacou. tinha óléo que é mais fácil de limpar o gozo. trepidava. os moços, homens mesmo, o tiraram dalí. o tiraram dalí. não me afetam, os três. olhei pro pulso, me ps um relógio. isso: me pus um relógio e dei aquelas celebrações Cantina da Serra pro atraso. acho que ele tava morto, cheguei em casa e disse pra minha mãe que ele tava morto., preto, o pé preto, as dobras dos joelho dobrando, descascando preto. eu fiquei tão feliz quando soube que ia embarcar logo logo pra ver meu amor.
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