domingo, 30 de dezembro de 2007

Monografia. Cirurgia. Coma.

5:19AM
a manhã tropical se inicia (e eu me sinto melhor colorido)


Oh my God! They killed Kenny!


e-mail1: (editor imaginário). já entregaste a tua eternamente inacabada tese?
e-mail2: (orientador imaginário). 21/12
pri, calma, ando enrolado. prometo responder tudo, qualquer hora. bjs.

diálogo inventado: eu (por que não me contou??)
psicanalista imaginário (o que?)
eu (que sou obceconeurostérica...?!)


Mas o que me faz ligar esse histórico peculiar às minhas questões, é o que nele faz destacar a experiência escravista brasileira como fundada na série de costumes legislativo-teológicos romanos e duma outra série de quadros mentais e sociais que definem a função e o lugar desses novos membros, inseridos através das restrições ao trabalho manual e ao conceito de limpeza de sangue: legitimação das hierarquias, vivência e sobrevivência do Antigo Regime, peça nuclear de nosso escravismo colonial e imperial.


Coma não-induzido. (aka: vígula não-induzida) não consigo mais. Imagino que uma boa assumissão é a de que...

"[. .]" me afunda
mas se eu não "[. .]", me vivo num morro.



Há de haver um guarda-roupas grande o suficiente onde eu possa viver, esconder, pássaros.


eu minto. quando não minto, eu fraudo. todo mundo agora vai descobrir.


picadas de mosquito. contabilidade final: 17
outros insetos: lacraia de tamanho médio-pequeno, morta à tempo

Estava escuro, mas isso não é o importante. Engraçado que à noite certas imagens que vemos parecem preto e branco, lá se pareciam preto, brancas e azuis. Verdes. Eu disse: está frio. Então fizemos amor.
a alegação de insanidade monográfica (nas normas da ABNT)

nós a perdemos...
onde? fica longe daqui?


:

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Monografia. Cirurgia, still life & pausa: correio sentimental

Em presença etérea
Correio sentimental pro meu cachorro:

Poodle de pelos cor champanha, 4 anos e 10 quilos, o Beebee está terrivelmente em busca de uma cachorrinha para relacionamento sentimental sério - ou nem tanto. Tem poucos vícios; é carinhosamente hiperativo e salta obstáculos de 1 metro de altura (por ciúmes ou por vontades incontroláveis). Como os animalzinhos subiam de dois em dois, quem conhece alguém, que conhece alguém e que conhece alguém que conhece alguma candidata?
... come on baby, light my fire
come on baby, light my fire

try to set the night on fireeeeee...


Será que aparece?

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Monografia. Cirurgia

Um pedaço


Outros uns pedaços
na carta rasgada

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Monografia. Dilatação: 35,8 mm



1. a [. .] nasceu comigo

se eU não "[. .]" , morro de fome


2. Tendo os princípios da misericórdia e benfazeja do cristianismo, as alforrias representavam tanto a utilidade da entrega do auto-governo, usurpado ao outro pela posse senhorial, como a utilidade de sinalizar o ente doador como observador desses mesmos princípios e assim identifica-lo na hierarquia dos desprendimentos, da comiseração e, até mesmo, da humilhação.

3. Não resta dúvida de que, assim sendo, o território da sexualidade era bem menos
privado do que se poderia supor, distanciando-se largamente dos padrões
supostamente vigentes nos dias de hoje. Ao longo deste capítulo ver-se-á que até os
gemidos de amantes ardorosos não raro podiam ser escutados por ouvidos
indiscretos, sem contar os encontros amorosos, as mancebias, pois todos sabiam
“quem andava com quem”. (VAINFAS, R.)

4. Pai-Natal
also-known-as . aka: Papai N o e l



flickr . orkut . lugar nenhum . obvious . technorati . ficha criminal


sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Monografia. Dilatação: 22,7 mm

enquanto escrevo ou almoço, algo assim. penso na ausência da escrita, nas mulheres (ela) sobre as quais eu invariavelmente escrevo e na ausência que percorre tangente as mulheres sobre as quais eu invariavelmente escrevo.
penso na exposição incontrolável, minha...dos outros... dos corpos. onde está o fim do exibicionismo (e/ou o começo?) e onde fica o começo (e/ou fim) de uma obsessão pela captura dos corpos? - principalmente dos femininos, tangentes: seriam a continuação em formato de pedra de tropeço, dádiva laço contradom (as vírgulas não puderam vir hoje). cortem os peitos da mulher morena.
escrevo de longe porque também participo das concretudes, no nascimento d'ela verkitschen não foi só delírios.
por que ausente? por que decadente? por que não escolhe? por que abarca nem trai?

vou voltar ao parto, espero que não seja prematuro, espero que o tempo espere, espero... de barriga.
escrevo sobre escravidão. 1844-1871. que encontros de proximidade entre senhores e escravos percebemos nas cartas de alforria registradas no Rio de Janeiro neste corte de tempo?

tirei uma foto, me lembrou as ausências e fui almoçar.

sábado, 15 de dezembro de 2007

dispersão: tentativa pras alucinações

sai...! da minha frente cambaleante des-esperada, mulher que nem escreve mais, mas nem diz. saltão na pedra portuguesa. eu brigo com você qu'eu amo porque conheci outro al...sai afetada, mente. justo você se apaixonar por todos cinco minutos desfazendo a ação do gostar na ação de dar. muito. temperamentos temperaremos com som de arrulho bêbado, trêbado. se era você menina, que gostava e como esquecer? se me trai, me esfrega colada, ex-finge-se. sai...!
desprezo neo-keynesiano e gastrite. te peguei em beijos, moça força puta, com outro aquele cara vende-dor. te dei ran-cor, cambaleante praça xv, e me diz sai, faz sinal (da cruz) pro ônibus. rudeza... chorava porque não me ama, chorava qu'eu insisti, chorava que passou e lembrança guardada ela requenta no micro pra achar que está fresca.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Tangerinas de Mulholland Drive


1997, sábado: ressonante
o cavalo desceu a rua com pressa e levantou pouca terra, corria no asfalto.
os dois sentaram um do lado do outro e não se puseram a conversar. não acreditava naquela época que se falasse em despedidas. ele passou correndo, o cavalo.
ela lembrou da noite e ajeitou o lenço na cabeça; fazia um dia forte àquela tarde. ontem o pai virou pra ela e parecia escondido atrás d'uma cortina verde musgo porque falou enterrado na poltrona: pra mim você já é mulher; o pai falou como se tivesse entregue não sei quanto na mão dela - que você não vai perder - e ela apareceu de repente na sala, antes nunca esteve. agora era gente ou uma coisa aparecida.
foi embora pra cidade no dia seguinte. o cavalo acompanhou a bicicleta por mais uns 10 metros e daí não deu mais pra ver se a vista alc...
se despediu dele batendo no sapato, nunca morou em sítio, morou em fazenda. era rica. beijou ele segurando ele pela cabeça e foi.

1989: orçamento
pode-se imaginar o que é nascer igual, mas não é sempre que se vê parir diferente. Analice esperou na esquerda do Reinaldo o médico chamar. a parede tinha uma prateleira pequena, um vaso pequeno e uma rosa sozinha dentro com água. artificial.
foi esse mesmo o exame que você trouxe?
foi.
você vai ter esse menino?
não. o pai esqueceu os óculos em cima da estante então ficou difícil ler o nível dos leucócitos. eu tenho uma filha, não sei se você sabe... mas não tenho foto dela aqui.
nascer é tudo igual, mas eu lembro que a minha filha foi embora e, eu sei, que se eu pudesse escolher eu ia ter minha filha toda novamente, porque não foi minha mulher que teve, fui eu. ela também disse que não quis. e foi com tanta força que morreu.
eu não tenho como criar.
Reinaldo mudo, ampliou o silêncio. na parede branca esqueceram a porta aberta.
Analice ajeitou o lenço azul na cabeça e sentiu vergonha do dono e do médico, do sexo. ouviam música da rádio que toca nos ônibus, tocava a atendente ouvindo. Reinaldo mudou de posição assoando a congestão.
eu tô com a barriga grande, doutor...
o pai não se afetou. tinha dito pra filha: pra mim você já é mulher. a informou, a viu os cabelos. ela o olhou no assombro duma resignação embora entrevisse melhor esquecer tudo e voltar pro quarto - repetir que ia fazer veterinária. mas ela foi pela manhã bem cedo porque foi bem mesmo ele quem a levou pro trem que não ia fazer voltar de volta. estudou cansado Ana e Alice dentro da barriga... Alice ia escolher, ia preferir morrer agora que ver a armadilha infeliz que não quis, preparada; estar e não poder prender uma pedra se jogar no rio porque Deus ia mandar pro inferno.
lembrou da atendente e pensou na música do rádio "ouvi você dizer / eu sou o teu amor?". ele passou a mão espessa camada de madeira na mesa e ordenou-se que não ia pensar que não ia esperar a atendente entrar na casa e deitar nua dele, ele, do lado dele. Zuleica lia nua na porta da rua com um cigarro na boca afeita, que grudava.

1978, quarta-feira: esforço
Reinaldo replicou os designos do Senhor: o salário do pecado é a morte. Então soube que o carro que bateu em 1978 levava dentro a mãe da filha do médico. Esqueceu dos quinze anos quando a mulher doida morreu dois dias depois que ele perdeu o cavalo égua correndo na nossa terra azul e molhada. a mulher, mãe, esqueceu-se na casa dele, pediu água e perguntou o seu nome, Reinaldo. mostrou o seio esquerdo na sala pequena longe de todos. ela beijou ele, segurou ele pela cabeça e ficou. esquecido sentindo que ela tinha uma boca e línguas d'ele enterrado no sofá vermelho de almofadas crochê, parede descascando. o ar passou pela boca e ele sentiu o peito, a língua e os dedos dentes entre as coxas de exatos quinze anos. o teto sumiu, voando misterioso como a sujeira entrando pela janela e o sol. ruído de disco de vinil. ele esqueceu o cavalo como se fosse o do forte Apache. viu pela TV. vil pela cidade.

2007, segunda-feira: previsão

Isabella sopeira,
vou tirar a tinta dos cabelos (é um tom de castanho claro, mas acho que simplesmente vai ficar castanho ponto fim). Beijos, meu querido tom de vermelho com cinco dedos de raiz.
volto já já. quero saber pra onde essas coisas de sentir desejo e escolher um vão me levar.
depois explico.
espero estar pronta para escrever uma postagem no Limão. ao que me parece é uma história que tem um cavalo passando, o médico conversa com a filha e ela se despede d'alguma coisa, mas ainda não me contaram o que é. vai passar umas linhas numa sala de espera de consultório e as pessoas se aceitam, a mocinha pobre está grávida enquanto a outra, filha do médico, escreve uma carta pra... quem? conte logo.

beijo
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