quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Sabina

kundera
Então perguntou a Franz: e porque é que de tempos em tempos você não usa a sua força contra mim?
- Porque amar é renunciar à força, disse Franz, com doçura.
Sabina percebeu duas coisas: primeiro, que aquela frase era bela e verdadeira; segundo, que, com aquela frase, Franz acabara de se desvalorizar para sempre na sua vida erótica.

acedido
parecia que ninguém mais ia respirar dentro dum comprido segundo que já assobiava silêncio. ela ou até mesmo eu pensou pra responder com aqueles todos pares de olhos mesmo (assistentes): eu faço porque o amo; se ele me mandar parar de fazer eu páro, ainda que não o obedeça nunca, só faço o que ele me manda ou o que ele espera que eu faça; sempre tudo ao contrário, sempre com o intuito otimista de fazer com que ele volte, de fazer com que me pague um refrigerante ou que me chame "sobretudo". depois eu, ou ela, ficou sentindo o rosto quente todo confessado, não que houvesse algum incômodo na indulgência do tratar de si, era a excitação da mostra que fervia submissa como um lábio roxo.
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inspirado por Bjr. primeiro trecho: Milan Kundera, "A Insustentável leveza do ser".
para JR.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

De encontro

o ocaso as a car crash...
e era o que eu te dizia, mais até do que sempre: tem o ponto que chega onde eu não quero mais esperar, eu quero ver o que tem lá depois e, se não for agora que eu puder ver, então não quero mais (fechar o olho). daí esqueço sem querer, tento repassar os segundos, o que falava, do que ria... onde você estava assim ficou só um sem nada dentro. minha expansão maior foi descobrir que, depois, podia me preencher novamente das formas mais inesperadas e imaginárias (em sonhos!). tenho pensando que são das coisas bem inevitáveis mas, assim que eu encontrar meus óculos, quero escolher. o que escrevo não evita o conjunto vazio.

no preenchimento
Num movimento diversamente proporcional, eles sentaram no meio-fio e pensaram que, a partir de hoje, iriam esquecer em público. E de fato esqueceram, pararam de fingir, esqueceram os compromissos, os nomes, dos parentes, do almoço e até do esgoto que corria ali mesmo junto do pé.
Não que importe, mas tudo tinha começado no dia frio quando ele apareceu no final do corredor usando um conjunto todo jeans e ele ficou esperando que fazia tanto frio que nem parecia o Rio de Janeiro; e é sempre estranho sentir que cê quer com peso. É diafragmal. Quis dizer do final da tarde mas o outro com seus que foi, que foi, não deixava. Se tivessem uma casa, iam pra casa mas abrigo mesmo, pra valer, só tinham na campana dos desenrolares inúteis, coisas que só aconteciam com os dois e com todo o qualquer um.
Não também que quem passasse na rua importava, não. Mas dançar de rosto colado já não era mais compromisso casto, é como que cair devagar e incompreensão - e queria sabia-se-lá-porque sempre dançar ou fazer, de conta, amor. Beijou o namorado displicentemente no canto da boca e mal esperava que nos dias depois fossem eles tão meio-fio, esperando o reboque pra levar o carro onde fugiam, iam decidir que começou.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Vista de Marte daqui

noite, telescópio, banca de flores
meu Espaço é um buraco pequeno só de observações. eu desejo os certos segundos como se fossem meus, seus e as crianças que eu vou ter um dia. uma perdemos. vejo que é só seu escondida em baixo da cama ou dentro do guarda-roupas na recusa intimista de uma análise assunta. terrário, macro, bonzai, meu Marte daqui: da noite pr'esse dia.

dia ou tarde: mostrada
Foi a expressão que ela usou, foi a expressão. Se dissesse outras cinco palavras... porque o conserto de tudo, eu achei, ia estar entre uma recusa e outra. Assim tomamos café paralisadas na cozinha de sempre (muito cheirando à gordura) e perguntei se da janela dava pra ver as cinzas do cigarro vizinho. Dava. Em dias claros eram até bem nítidas. Foi então que eu sorri e a acusei de ficar vigiando quem passava, ficava, perversa e... Nada! abriu-se com os dentes grandes e contou reminiscente que fumava de calcinha na porta enquanto passavam os créditos de hable con ella. escolhia a parte dos créditos, na música, e ia. e via o caminhão de gás subir a rua, uns crentes na calçada e um mar todo azul de longe. ouvia inclusive, no barulho dos bondes, a imaginação dos fios balançando, anunciando que ele já vinha decendo à 60 centavos penduráveis.


segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Detesto principalmente por todos os aspectos de pequeno a médio porte e, apesar de tudo, odeio - com pudor exclusivo - minha família. odeio o meu irmão retardado, a burrice arrogante do meu pai, a desumanidade introspectiva da mamãe. odeio em silêncio igual todo mundo.





sábado, 25 de agosto de 2007

Fatos casuais (en-fim)

Como as criações dos livros infanto-juvenis, há sempre esse ar fantástico em nada. Era sempre como se desse pra ouvir música num silêncio daqueles imensos, silêncios que eu nunca consegui realmente alcançar mesmo quando a rua está muito vazia e fico com medo se vem vindo um carro, sempre acho que pode ser assalto. É só eu girar a maçaneta que aparecem todas as invenções, das menores às que não passariam na alfândega e, esses surgimentos estão aqui segundos, segundos, outros segundos estão aparentemente e não estariam se eu não fosse silêncio. E não estariam se os criadores não fossem silêncio, não que sejam segredos; estão lá com mil bandeiras com línguas e não conseguem nunca dizer tudo dito. Daí mudos. Como as criações dos livros infanto-juvenis que só entendemos quando somos velhos, as janelas abrem as abas de forma larga e o ar fantástico devasta (a gente) como um advérbio (de modo) cheio de certeza sempre. Se pudesse dizer, faria os teus poemas; tenho esse vício por te contar meu inútil e repetitivo parágrafo de [s] venturas. Como se ser amante nascesse do susto de ver sempre o respiro.

epílogo
é como ser desse engano todo dia. se acordo.


lá fora é tudo cinza e azul. é a hora mais propícia, vê-se a olho nú.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Fatos casuais (meio)

Alice was so much frightness...
4. Eu tinha ficado sozinha em casa e triste por não estar na igreja (mentira, tinha preguiça). Depois todos os dias foram tão iguais que eu habituei mas, antes do hábito, uma reflexão: sobrevivência, teimosia, senso de obrigação... principalmente senso de obrigação. É o que me leva a, todos os dias, sem pular, tomar minhas duas ou três doses injetáveis de insulina. Digo que não dói e, se você não acertar sem querer um vaso que passava por alí, de fato não dói. Você não pensa muito, simplesmente coloca as unidades da ampola pra seringa, escolhe um lugar agradável pra se furar e aproxima a agulha - por favor, compre uma na farmácia, não use as subvencionadas pelo governo; são grossas e um pouco de querência ao conforto não é de todo mal. Como dizia, aproxima a agulha e pensa... aí entra o senso de obrigação; a questão é toda muito racional: você contraria o instinto de auto-preservação que grita NÃO ME FURE! e simplesmente se fura. Acredite, três meses depois, a sua barriga (lateral) vai estar tão roxa e dormente que não faria a menor diferença.

i do wish some of them had stayed a little longer...
(ou o quinto fragmento é pequeno e expansível - pode ser ignorado, passar batido)
5. No Obvious há a seguinte legenda: "muito haverá a dizer sobre esta amante". Não me espantaria acordar belo dia desses e descobrir um câmbio brusco. "O que der errado aqui, a culpa é dela". Expansível... tenho a impressão de que não sou Woody Allen, muito menos Lars von Trier. Não há genialidade nessas lascivas confusões. Só o que tem é um impossível se acostumar, impossível conformar sempre com o próxima vez (e ela nunca vem, eu sempre vou escolher o caminho onde ando mais ou onde vou gastar mais dinheiro ou onde vai sobrar menos tempo), terríveis de acompanhar esses movimentos da improbabilidade, os esquecimentos, as desatenções, os atarantos. Tinha considerado isso burrice há meio minuto atrás mas, como pretendo arrancar algum sentimento de piedade, completo observando que é só uma disfunção neurológica no córtex-pré frontal. Mas, assim como detesto que as músicas que eu ouvia faz tempo se tornem um sucesso vulgar, finjo não é nada... assim, fica mais indie, cool mesmo, etílico. E é tormento.

why Mary Ann! what are you doing out here?
6. Não sabia quanto tempo ele tinha ficado ali. Horas talvez; é o tipo de coisa que a gente não percebe tanto quanto o tempo passar. Ficava brincando com um sorriso fresco cor de ameixa que ajudava na dispersão do estar perdido - ainda que perdido fosse ação que não se podia fugir. Ele estava ali se esforçando, tentando. Ela queria os agrados em formato de descontrole, queria que eles desabassem logo e pensou em de-repentes, pensou num vento que sopra sempre nos ouvidos e que levam, arrastam. Ela era magra, sempre fora muito magra e com uma barriga de criança faminta. Magra e levável. Pensar no outro era alegre dentro d'uma idéia infeliz e pensava naquela vez absurdamente colchonete em que ele perguntou num modo bastante simples. Está com frio? Não sabia do tempo não... ele gastaria toda a vida, mas nem tinha paciência para tanto. O organismo, as veias expandidas, seus homens desconhecidos, normalmente não têm paciência; sempre agradecidos - ainda que preferissem sexo anal. Se gostou? Se veriam então? Onde te deixo? São tantos hematomas de não foi com você isso, foi tilintando refletida e (nem ao menos) o do táxi. Como as virtudes são gostosas quando gastas...!
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imagem: alice no país das maravilhas - manuscrito
títulos: são trechos

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Fatos casuais (início)

N. do A.
O Seven me desafiou esses dias a escrever sobre 7 factos casuais. Nada mais agoniantemente impróprio pra esse espaço. Nada mais aventuroso e alucinado que a praticidade mecânica dos acontecimentos; o normal ficou descarrilhado (meu)... o resultado é este é a escrita tão aleijada e eu queria se explicando bem melhor. Fazer o que? Paciência.

a vizinhança das casas coladas e escadas: vila
1. No portão do condomínio costumam ficar os senhores, não mascando fumo, talvez discutindo política: sempre olham mesmo são as moças - tantas - que passam entre um conhaque na padaria, outro e o Jornal dos Sports. E é sempre o meu bom-dia tentando descolar os lábios do aparelho dentário. O sorriso especial pro senhor atormentado pela esposa que jura todos os dias que ele vai morrer amanhã. Não que ele seja todo simpatias mas é guardado o bom dia, boa tarde, boa noite, comentário do sol que ele aproveita encostado no muro ou alguma brincadeira sobre o que foi que eu esqueci dessa vez.
Eu aprendi a andar de bicicleta na vila; sei que dormi e sonhei que andava. No dia seguinte peguei a bicicleta velha e vermelha do meu irmão e simplesmente subi e desci a ladeira que é a vila. Tava de manhã e aquele sol azul absurdo com mais ninguém olhando... Foi assim sempre depois. Subo e desço nos bons dias, as crianças , os cachorros, num lugar tranquilo, minha casa marrom e a inapartável preocupação dos lábios não grudarem no aparelho toda vez que sorrio..

pra mais tarde
2. A hora de acordar é 10:00h. O relógio, é só entrar aqui em casa, leva cinco minutos pra completar meia hora e, dentro dos óculos desaparecidos ou da minha eterna insistência com o espelho (não seja feia Clementine, seja bonita!), estão o ônibus que não aparece, um assalto, uma sandália arrebentada, uma música ou um curto-circuito... dizem: a Priscilla sempre tem uma história triste pra contar. Sou sempre como o Mohammed Malah (o cão) que, certa vez, ficou preso pela bacia no portão elétrico de carros. Uma insistência, Malah, um otimismo de que vai dar tempo, de que chegando às 6 tá bom demais.
Nunca cheguei cedo, nem na hora, só se for engano. Nem no meu parto cheguei à tempo e foi mesmo cesária. Nas exigências, está lá a falta; eu. Desaponto, desconfiam.

sacramento
3. Foi numa aula de sábado, catequese e eu escrevi no quadro as três condições para o pecado mortal:
a) matéria grave - ferir um dos dez mandamentos
b) consciência
c) liberdade
a Robertinha levantou as mãos simpáticas mas nunca deixou o lápis desalinhar com o caderno à mesa. Tia, consciência é a mesma coisa de saber? É sim Roberta. Se eu não sei não é pecado? Exatamente. Puxa, por que a senhora tá ensinando pra gente?
Nunca respondi e meu silêncio vai agora. O que eu não saberia explicar era que não há moral inata e que a ciência não consola a mãe que chora (isso me lembrava sempre o Eça nos passeios à Sintra). Não quis mais as atividades e uma mágoa aqui ou lá sempre fica. Como ficou também o doce sadismo dos dias sacrificados que agora são meus de nenhuma forma e todas elas. E é toda vez alguém que para na rua e pergunta quando é que isso volta... sempre as senhoras carinhosas. Costumávamos rezar o terço acompanhado pelo violão. Nos meus dias Ele continua lá como se eu O tivesse enterrado e deixado uma perna de fora - não imagino que haja uma pá suficientemente grande pro serviço. Ora, Deus, quase na hora de dormir e meu sentimento é laico.
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imagem: alice no país das maravilhas - manuscrito


domingo, 19 de agosto de 2007

Marchinha da esquecida

espaço do dito
o que se fez foi mesmo incompreender o dito, tratando de misturar tantas letras e tempos de nomes ou adjetivos sinais que nunca combinaram bem, falando como se falasse aqui baixo à meio ouvido de distancia sem que ninguém veja - poucos. chão e parede: descansa, fica bem aqui, bem junto que canto... de perto, meu arrepio era de responder a pontas de dedos mas, de longe, calada que quase escondida.

marchinha da esquecida
se eu fosse só vestido de prega, se fosse todo um monte em cima do outro de linhas, botões, estampa... se eu fosse ia ser mais alinhamento - não perfeição, que fica sendo sempre a monotonia do nunca chega. ficou tão perto da gola que o nariz até reclamou de frio. se eu fosse um vestido dela de prega, de roda e até descalça... quando toda arrumada passa na cidade ninguém se esquece que é deo colônia. eu era ela, era todos os trechos que ela imaginou escrever e agora eu ficava sendo menor e descalça escapulindo à todos as vontades que se têm perto dos vestidos das moças muito olhadas. eu sentei na escadinha e quis só ser um vestido pra rodar como a vida roda: ondulada, prendida de laço, branca, pronta pra dançar.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Corra, coelho

uma
dizendo com a ponta do olho, com um rabo inteiro de aflição que eu fiquei errada, que eu fico nadando em rios calculados muito mal feitos (nunca tive real interesse por matemática). é otimismo; acho que vai encaixar mas acabo como o Mohammed (meu cachorro, você não conhece nem quis ver a foto) que um dia tava na portaria entrando e acabou preso no portão de carros que tava fechando. eu fiquei errada dizendo com a ponta do olho que não há alcance objetivo na histeria toda imprópria do meu bem-querer. só não me entenda assim tão mal...

pauta: possessão
pedi água, uma música menos religiosa e tremia. respirou na minha testa e Pompéia cantou com toda a coincidência esperada breath, breath in the air... mas difícil era pouca fala. escuro e beijo, meu rosto todo e uma boca que não seria mais estranha depois - digo a verdade de que eu nunca gostei. contornava a cama e eu pensando no quanto você era disforme, ridículo de preservativo, mas resignado ao brutal. andava tão triste que consegui durante dois segundos não pensar o que tava fazendo ali; dois segundos e não me concentrei mais em estar por ser inevitavelmente levada pelo vento forte que sempre fez. sentia pena que acabou de você fingindo interesse com a mão na minha perna. foi com a gentileza das tarefas públicas que fingiram (eles) não ver, eu nunca mais era sua e não entendia aquela mão run, rabbit run enfim paralisada pela posse dos dias reproduzidos diversas vezes e isso não mereço. a falta de autonomia sempre nos dói a garganta. sorri por falta de lugar apropriado, como se não importasse pra onde eu fosse ia estar lá teus editos pra que eu mostrasse as rendas por baixo de modo vaporoso, que as descrevesse ao menos numa diversão monólogo. espero, não desejo, espero. de toda feita, ao contrário do que tua esposa noticiou, você até hoje não morreu.

Zero Kelvin: escrita

parece que vai ter de quebrar o piso da cozinha
A gente é meio desprevenido, talvez. Mas foi do jeito sorrateiro que a vida anda, com cada dia mais afincos inesperados. Acordei descobrindo o novo problema na esgoto daqui de casa e dessa vez não tinha nada a ver com as festas que o papai andou promovendo pros peões lá da obra de Minas (pequena casa de um quarto, mas festa). A mamãe diz que acha que é a manilha; eu digo que acho que devíamos ter tomado uma atitude enérgica e razoável faz tempo: chamar uma benzedeira, um padre, um mini-culto pentencostal na varanda. Daí é esse cheiro horrível, é a gente jogando água e ácido e o que tiver mais pra jogar. Não consegui dar faxina quando cheguei e isso me deixou sentindo menos mulher só porque eu comprei uma tiara azul feita de toalhinha e não vou usar por hoje.

quando é que você vai contar que é você?
e como vou te convencer que a Barbarella não sou eu?
não consigo usar pseudônimos, gosto é de nú frontal, se não é frontal, melhor mesmo nada pra ver. o nú dos outros eu não ligo, mas se é meu, tem de ser em pêlo. e, de mais a mais, Bjr, usando as palavras do Estado Novo: minha questão sexual é caso de polícia. sossegue tuas pulgas.

George, não desperdice bebida
estou aqui contando. a totalidade de uma semana sem nem um calicezinho de vinho. um jejum, um desparate, uma crueldade. a mão ou a garrafa? é a dúvida. escrevendo mal, daí a dúvida não pesa tanto.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Postagem de aniversário

Quando eu nasci, meu pai - muito bêbado - fez um samba que gravou com os amigos num bar. Alguns anos depois, como eu tinha muita vergonha da fita, desgravei. Por cima coloquei a historinha de "João e Maria". Assim então ficou resumido tudo o que viria depois...
mito de formação
Quando a bolsa estourou, a minha mãe viou pro meu pai e disse que a bolsa tinha estourado. Foi uma notícia assim... de madrugada, num tom de desânimo igual ao que aquelas todas quase mulheres do Bonfim diziam: deus deu. Ela disse que ia tomar um banho e que era muita água que saía; lá dentro eu pensaria minhas primeiras palavras: puta que pariu, fudeu! Tudo tinha ficado tão seco que meu pai foi ligar a bomba hidráulica e a mamãe tomou um banho tranquilo de sabonete rosa e tudo. O motorista do ônibus corria tanto de ver a outra lá daquele jeito imensa e eu ainda lá tentando entender, o que nunca viria a acontecer (até o fechamento desta postagem, não veio a acontecer), mas corria e parou bem em frente à maternidade, mas ninguém desceu: barcas. Atravessava-se a Baía devagar à beça naqueles anos mas a gente não ligava não e os três iam na água quase em silêncio e com frio. Eu nasci contente na Freguesia da Candelária, o que não foi mérito meu ou dela, foi do médico que me tirou de lá. A senhora vai ter essa criança agora! Mas ninguém queria ver o que tinha depois. Num movimento macunaímico, me atrasei.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

A neuropatia dos meus versos

it's not as if i'm being sent off to war
there are worse things in this world
não aceite...
te amo na entropia
dos meus versos

isso aqui é um blog? não tem como eu não perguntar isso toda vez que penso em escrever sobre algo pessoal. porque eu fico admirada de ver as pessoas falando de si assim tão à vontade e percebo que não consigo fazer isso com as palavras uma depois das outras, eu fico sempre rodeando naqueles textos que vocês lêem e terminam com o gosto do que é que ela quis dizer com isso (?). juro e sacramento à vocês que, tudo o que eu escrevo, tem um contexto, quero dizer, eles estão contando sobre algo, algo que aconteceu, que eu queria que acontecesse, ou que eu vi ou o diabo que seja. não sei se me explico bem. não, não explico bem. é que não quero escrever algo que é d'eu, quero um parágrafo aberto, tendo infiltração ou talvez nem queira: só sei fazer assim. só sei fazer pra cada um entender do jeito que quiser o que tá lá, mas o que tá lá, está inserido em acentos concretos. deve ser tudo fruto de uma desvontade de expor: eu ou você. ficou então combinado que falaríamos desse cotidiano banal, combinamos que ele era bonito, combinamos que tudo é tão poema quanto à curvatura do escorredor de arroz é tecnologicamente revolucionária. combinamos de chafurdar no inútil.

mas hoje estive no hospital e achei bom que não tivesse ninguém por perto, ninguém dos meus comigo, pra não me ouvir dizer (de 13 às 18) que me sentia um neurótico de guerra. principalmente, alguém por perto pra não ouvir quando o médico disse: o que vamos fazer com você? ora... não façam nada, também não sei o que é que a eu apronto. o José Roberto disse: o primeiro passo é você se cuidar conforme a medicina aconselha - mas e eu lá quero? não me conformo, o meu pâncreas, o único pâncreas que eu tive, o único que eu amei, foi embora sorrateiramente e me deixou olhando pro médico com cara de não faço idéia.
cara... eu realmente preciso da minha mão esquerda
, táctil, gosto dela, dos dedos, das unhas. realmente preciso que ela continue bem pendurada onde está. e me encho novamente de limitação, as filhas da puta das limitações que não me deixam nem comer, nem beber, nem dormir, nem passear, transar em paz! o pior? ruim p’rum neo-darwinista perceber que é... precisamos fazer algo por esses genes, compensar, porque de fêmea-alfa, se tiver prova, vai ser 5 pra passar, e isso arrancando a dó de alguém, tipo o Lula.

o seio esquerdo era quase morto, dormente, e o médico ficava me espetando pra saber até onde na palma dava pra sentir: neuropatia diabética. o que dá pra sentir é lembrando logo do Hitman; tinha um personagem, o imensamente gordo Moe Dubelz, que tinha um irmão gêmeo siamês; só que o cara (o irmão) já tinha (repeti tinha 3 vezes) morrido (assassinado pelo Hitman) e ficavam os dois ligados nuns aparelhos pros órgãos que eles partilhavam continuarem funcionando. muito criativo Hitman.
lembrando logo do Hitman... como é que esse processo de pedaços meu morrendo vai se suceder? não é drama, é uma incapacidade confessa, um desânimo de me salvar. daí liga a Ana. Ana, senti um tom de piedade na sua voz ao telefone; saiba que neuróticos de guerra mutilados odeiam esse tom condoído. ah vá se fuder! perguntou do meu aniversário e me senti uma criança que rala o joelho e o pai dá um picolé.

enfim... essa é minha tentativa de ser clara, de ser blog (essa palavra é realmente ridícula) e, principalmente, de chamar atenção e ter vários page views. no futuro, podemos ter aqui um GoogleAdSense, posso lançar um livro e ficar mais famosa que a lagartixa da Rita Apoena. passante... a gente aquieta porque os cavalos do carrossel giram e sempre vão ver a mesma coisa. tudo diferente.

Notícias de uma blogosfera particular (2 e ¼#)

E continuo eu aqui teimosa com essa idéia de falar de coisas que não entendo bem. digo, não tenho essa desenvoltura blóguica que os mais experimentados têm; fico assistindo eles de longe...fascinada. Mas, vamos, não me tirem a fantasia.

o lado B, de beatinik
conversando com a Bella, pseudo-beatinik virou conceito. uma forma errônea, quase ofensiva, brincadeira leve pra gente falar da gente mesmo, da nossa.. ahmmm acho que vou ter de usar o termo... "panelinha". o que quero dizer é que somos um grupo de amigos e colegas que se admiram mutuamente (nem sempre) e que mantêm seus blogs em sistema quase autista. sãos caras que nunca ouviram falar em technorati (não sabem, não querem saber e têm raiva de quem sabe), publicam postagens nebulosas, não respondem à ninguém, primam pelo minimal e acho que só, tudo com variações (pausa: me perdoem, hoje estou maçante)... enfim, (... daí não consegui mais escrever, quanta merda eu falo! bad day, bad day)

proposição
assim sendo, aproveitando toda essa animação de rankings, comecei a pensar em algo completamente inútil: perguntar aos 100 mais que blogs pouco visitados eles freqüentam com freqüência. sinceramente, isso seria assustador. não me imagino perguntando uma babaquice dessa pro Reinaldo Azevedo, por exemplo mas... é uma vontade esdrúxula de pensar em algo sem sentido. vamos vendo...

os macacos somos nozes
enquanto isso a batalha Estadão x Blogs prossegue com algumas trocas de tapas entre designers. "o Estadão age de forma realmente estranha, ignorando que há diferenças obvias entre jornais e blogs, nem vou gastar meu latim repetindo o que já foi dito.isso só engessa ainda mais a blogosfera brasileira que, a despeito da demanda absurda de usuários, fica mesmo é no senta-levanta. tô embasbacada com a ofensiva pesadaça e vulgar", isso eu comentei ao Inagaki. Mas... se você é um blogatinik, pode estar incerto do que se trata, então vale bastante a pena uma visita ao Pensar Enlouquece (por esse e mais vários motivos - se bem que o Inagaki não precisa de que eu faça propaganda, droga! agora já era) e, depois de lavar os pratos, ir ao Mundo das Tribos (também não gostei desse nome) ler sobre LinkBaiting (algo que eu nunca tinha ouvido falar até esse domingo): ténicas de conteúdo que chamem a atenção. Vou ser obrigada a colocar algumas regras de LinkBaiting aqui, achei interessantíssimo. Não sou hipócrita, eu usaria umas delas, só não sei bem como. tenho problemas com auto-estima, preciso chamar atenção (justificativa pra abrandar a minha demanda egocêntrica)... tudo daria certo se eu não tivesse tanta preguiça. algumas regras eu simplesmente não entendi.
  1. Mexa com a comunidade.
  2. Seja o primeiro.
  3. Dê alguma coisa de presente.
  4. Listas, pesquisas e estatísticas.
  5. Criar ou pertencer a uma comunidade.
  6. Revelações, confusões, ataques, choques…
  7. Curiosidades, humor, cool.
  8. Fale do assunto mais comentado do momento.
  9. Link outros sites e peça links para seus amigos.
  10. Publique num grande site.
acontece puxa... eu nem soube que haveria um encontro de blogueiros no Rio... frustrante :(

não acontece
o título dessa postagem é uma referência estúpida ao magnífico filme-documentário "Notícias de uma Guerra Particular" de João Moreira Salles e Kátia Lund. mas ficou tão mal feito que ninguém quase pegou.

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imagem roubada do Flickr do Alexandre Inagaki, sismei com o cara hoje, espero que não cobre royalties.

Só de ida


uma perda pra dentro - toda vazia - que a irrazão enche costumeiramente dos enxertos; lembrar do que ia, viajar pr'onde foi e entupir-se de cabou.






sábado, 11 de agosto de 2007

I don't want to play football


I don't want to play football
I don't understand the thrill of the game
I don't want to play football
I don't understand the thrill of the running, catching, throwing
Taking orders from a moron
Grabbing for the sweaty crotches
Getting hit by people I don't know
Sugar, I'd rather play a different sort of game
Sugar, the girls are just as good as boy at playing
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nota1: Performance no video de Adam Qualls
nota2: Musica de Belle&Sebastian
nota3: também não quero mais brincar de TCC
nota4: volto logo cedo (ou tarde). mas... e daí?

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Espelhante (ou outra de tempo, atraso, idas e vistas)

num intervalo que existe - ninguém vê - entre um ou dois segundos e mais outro, ficou irremediavelmente presa nos compromissos que espremem. nesses fragmentos, nessas pequenezas de tempo, chove, faz sol e é outono tudo junto e todas essas estações assim de repente costumam causar mal estar de ler com cada vez mais freqüência aquilo que se escreveu. e parece sempre estranho quando o cachorro abre a porta com o focinho pra ver o que tem lá depois; costumava fazer o mesmo e já não faço mais. tirei todos os enfeites como se fosse dia de reis, empacotei tudo e não quis mais ver. o giro da maçaneta foi com as unhas, pra deparar com um lugar mais novo, quase corajoso de atos, onde as dores voaram espalhando. foi o que eu quis no milésimo espremido que já passa: te ver, me ver e lembrar de tudo com os olhos que eu tinha. nossos passeios e passados d'uma demanda que queríamos mais alegre.
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originalmente publicado como comentário em/para Girassol, de Kantek.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Sinestesia

se fosse um filme, os closes seriam tão acentuados que se veria a tela embaçar da respiração que escapa. e haveria até desfoque... numa proximidade. os buracos dos poros. acho que o som também não poderia ser detido, é tudo baixo nas minhas lembranças. no filme aparecia os buracos na pele, os poros e tanto vapor condensando que vira nuvem, como montes de água juntos, partícula. na minha lembrança seria em perspectiva, em ângulos bastante incômodos, roteiro de elípses, capturando o que não é nem sexo; réstia. eram lembranças de pressas que eu sempre quis e tudo em sem saber o que fazer. parede, acontecia na parede, vai ser filmado numa parede em dia claro, parede de cor clara. se era eu homem, mulher, desimportância quando à 35mm vem do pescoço (que é corpo e só) e o quadro lateja mostrando ombros, uma mão, cílios e, quando doer quanto doía, eu me perdi sem sons. mesmo quando era penumbra e eu te vi, você é tão bonito que eu chego a enjoar. chegou a ser chato. queria um defeito no seu nariz, queria ter te conhecido há dez anos atrás quando todos os meninos da escola te batiam, você e eu tínhamos medo deles. esse passado em comum talvez faça você me olhar, nunca me ouvir, nem ler, mas entender, sempre frustrar. daí eu sentia você respirando forte em cima dos meus dedos e pensava se quiser um beijo vai ter de rezar uma missa de ação de graças pelos meus dedos. a imagem era nova, em releases nas minhas lembranças, de jeans e no corpo inteiro, morna eu, você e sal molhando. que sempre muita espera, nunca, nem acontecia (nem vai?) só pensando e já fui tão descuidada que escrevi n'algum lugar que nem te desejo melhor nem pior, foi só o que diz.

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anotação de fim: a imagem não me agradou totalmente... não comportou corretamente as palavras.

domingo, 5 de agosto de 2007

Cher Antoine, je suis vraiment desolé

fotografia por Isa Kantek

Je vais à la campagne. Je voyage en train
pour le montagnes, c'est un drôle de chemin!
Je vais à la plage avec des amis. Je vais faire du sport,
je vais fair du ski!


atentamente fiquei olhando pro fundo do copo e pouco vi o que tinha dentro que era daqueles vinhos aromatizados. podem deduzir que eu procurava lá o que todo idiota que quer quase ser poeta procura: as palavras, as letras, as vírgulas, alguns acentos e a inspiração que é argamassa da coisa. será que estou bebendo demais ou de menos? por que não consigo mais escrever? daí ela, sempre ela, a minha mãe, liga a TV. esta genitora fã de dança dos artistas, quer ver os artistas fazendo número de circo. olha eu aqui mãe! tentando me equilibrar no fio dum raciocínio que antes inspirava, que antes eu respirava criações às transbordes, onde agora não tem mais tanta coisa. olha! sem as mãos! não tem rede lá em baixo.
não tenho encontrado nada, nem nos dias, muito menos nas noites. nem na feira, nem entre as frutas, na rua à caminho, nem no motoqueiro que passou e levantou a viseira: morena gostosa! nem em nada.. quase achei nas lembranças mas é um custo; que não consigo tirá-las de lá. asíndeto mal composto, mal misturado! eu, as idéias e os artistas (entre aspas) fazendo números de circo. nem na bebida que acabou e eu vou pegar mais (sempre escondido, eu como e bebo escondido). o que ninguém quer, o que não é interessante é ver os tormentos do cara que escreve, mas não tem conseguido mais escrever.

foi então reconfortante ler a mensagem da Isabella, saber da ida dela ao Museum of Modern Art e as lembranças de mim que não estive nem lá, mas lembrou. No meio das vontades de eu lá (você não faz idéia do quanto eu ficaria feliz de estar lá contigo, querida Desme...). Dizia e alegrou: Fui ao MOMA com a minha irmã. Tirei algumas fotos para você - infelizmente não ficaram boas, pode recortá-las e apagá-las se quiser. Uma delas, na minha humilde opinião, representa parte do complexo universo Prill e Limão. Será que você vai achar que eu viajei total?! Vou tentar explicar: na minha opinião o L Expresso me lembra alguns aspectos da Pop Art. O Limão E é poesia, mas também é experimental e bohemian. O visual é muito Pop, mas clean, criativo também.

Acabo de ter idéias (menino com medo de dormir e as histórias de fechar olho). Deixo vocês aqui e vou mais ao vinho. Escrevo.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

...uns escritos largados

quadro geral
um tanto doente. desânimo. mas filme, pipoca e coca-cola com a mamãe. noite anterior foi bar, pessoas, frio [nenhuma grana] conversa, partenogênese, alguém encheu nosso copo, Ju! darwin, uma da manhã, carona gentil, esqueci a chave, sms, interfone... novamente... com a mamãe..

muito, toda, lânguidamente, envergonhada, pretensiosa; Nelson.
(para José Roberto e Isabella. ele por não achar nada, ela por gostar)

Rio, 1957
Ótimo! Me vejo já apegada aos teus paletós... Maria Elisa deu cinco passos até a estante, abriu a primeira gaveta e pôs-se a procurar como louca o maço de cigarros. Onde estão os meus cigarros?
Sim, ele já começara... escondera-lhe os cigarros; começaria nas coisas mínimas. Sem cigarro, sem pedicura e com o cesto de roupas sujas à frente.
Não cuidarei de você! Olha que nem encosto em você! Não sou tua mãe! Quero os cigarros!! gritou pela criada. veio atarantada da cozinha ajudar na busca pelo maço - recém comprados - perdidos. Ataulfo permanecia como um soldado de chumbo, na mesmíssima posição, em frente ao telefone. A boca sempre aberta, respirando num desvio de septo.
Ataulfo! Meus cigarros! Assim não quero!
Desistira por fim dos surtos histéricos, a espuma já virava o queixo. a própria empregada trouxe os cigarros do namorado, um funcionário do Jockey Clube que já esperava desde o início da tarde lá no portão dos fundos numa discrição e dedicação prodigiosos.
Ataulfo... não vou cuidar das tuas roupas! Maria Elisa tragou vigorosamente a fumaça e a atirou sobre a sala. Não cuidaria das roupas, em definitivo. Ataulfo muito quieto ainda, um São José complacente.
Fale algo!! Não vou ficar aqui gritando! Não sou tua mãe, Ataulfo! Procure a tinturaria, homem! Pra quê? Não vou pôr um dedo numa gravata tua, num colarinho! Não lavo nem passo nada, chame a criada!
Ataulfo suspirou longamente (pela boca). Novamente estendeu a cueca a Maria Elisa, a Elisinha. Foi como se a houvesse mostrado um cadáver. O rosto tornou-se tão branco que nem o melhor pó de arroz, da melhor japonesa, podia comparar-se.
Ataulfo... não lavo...não sou tua mãe, Ataulfo! Sou... tua mulher!
A peça branca estava ainda à frente de Maria Elisa. Estancada, alçada, exigente. Restou à moça chorar. E chorou por segundos à fio. O maço de cigarros desaparecido, Ataulfo na falta da mãe a delegava para lavagens de roupas, até de cuecas. de cuecas! Maria Elisa não safava-se. Como as moças mais prendadas, mais caprichosas, mais pobres e mais fêmeas desta cidade. Debruçava-se sobre o tanque esfregando as roupas do marido. Para a criadagem era o escândalo, o assunto das seis da tarde, sufocador até das Ave-Marias Candelárias.
Ataulfo...Sabão de coco ou aquela pedrinha de alfazema nesta?

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Postagem informativa e premiativa

sem ânimo pra escrever. quando ele voltar, eu volto.




Thinking Blogger Award

escrevi alguns parágrafos onde contava como foi que cheguei ao email do Marcos Reis (AstroSaber), onde ele contava que me indicou ao Thinking Awards - em meio à palavras muito gentis que me deixaram impressionada, não sei... com o rosto quente. mas daí apaguei. devo dizer que, além de feliz, fiquei intrigada: um espaço esotérico me indicou...? foi uma licença poética (nesse pedaço eu deveria escrever os motivos de considerar uma lincença poética, mas estou tendo dificuldades de escrever como sempre se {talvez} deve. desculpem)
obrigada, Marcos! foi inesperado, totalmente inesperado. e fofo! obrigada
:)


seguindo a regra, indico aqui os blogs que tocam, em palavras, meus pensamentos . Isso me lembrou a Luana: ovelha pensa? pensa. no que ela pensa? ela pensa que é uma ovelha.

1. boas maneiríssimas maneiras - por Flávia Tornatore
etiqueta, inteligência, salto alto, batom filtro 15 bem clarinho e humor elegante.

2. desmemorium - por Isabella Kantek
foi de súbito que apareceu e eu nem soube de onde exatamente veio. as palavras se derramaram sem que eu realmente pudesse ver, mas as ouvia com atenção e delas saíram uma música bonita que logo tocou no chafariz e alegrava nossos sábados, domingos e quintas.

3. espaço em [des]construção - por Bruno Cabelo
vai me indicar? por que?
porque vc estimula meus pensamentosentimentospalavraspescoçombros[ou]vidos

4. dois mil e sete - por José Roberto Góes
minha profunda admiração por seus escritos. as letras dessa pessoa que me faz ser tanta parte do que eu sou.

5. palavras cruzadas - por Paulo Freixinho
palavrações
r
e
s
u
f
i
x
a
n
t
e
s

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Encontro (enquanto me perco)

infinidade de finitudes
das que se viram pro lado, acende cigarro ou não, pra refletir agora ou ir ao banheiro (e eu me achando linda entre a cama e o espelho). ou é fim em dentro de braços. fim de velórios longos, ou curtos, ou cheios ou daqueles que você estava passando na rua (lembro quando me contou essa história) e tava lá aquele seu amigo. como? e você nem soube, não tiveram tempo de avisar. ou fim nos você é especial. nunca quis ser especial, só sempre. às vezes é em gritos, em coisas largadas por todos os cantos, quebrando, e aí é fim, até em ameaças de se jogar do quarto ou terceiro andar (até do térreo! vá entender impulso d'humana compreensão?, perguntou o poema da escola). fins coletivos. todo mundo morre sozinho no figurado. todo espaço implora por uma presença mas, penso, e não tem presença que não vai virar depois de novo espaço. eu passo... me estendo no chão, no meio da rua, espero que alguma coisa, qualquer coisa, surja OVNI - o próprio OVNI serve. observo esperando a cerveja descongelar. é necessidade, é espaço demais e quero não. agorafobia. sou infinda a cada traço que passa - pulos do coelho (atraso!) - transbordo, aos infinitos, término. depois do ponto final... que voltam.

recôndito intento
bebo escondido, como escondido. são pudores. pudores do vício.
caríssimos,
como e bebo escondida! e [quase] ninguém vê.

e vêm já as lembranças. de muro de cerca viva de dia de sol dos doze anos e o velho/cara: você vai pôr o biquini? ... porque estou louco pra ver suas pernas. daí saí de casa agora e não sei mais o que aconteceu. eu lembro escondido. encontros estranhos, falas estranhas, não estão mais em mim... se falam, tocam, suspiram. estranho.

à ana luiza sobre o povo burro (ou Um Engano Teu)
nada melhor que uma população esquizofrênica pra um governo fágico.
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